Numa entrevista concedida no ano passado à Rádio e Televisão de Portugal, o Embaixador francês em Portugal, Jean-Michel Casa, afirmou que Portugal é o “país da moda” em França, um dos principais destinos da emigração portuguesa.
A declaração do diplomata gaulês, sustentada nas estatísticas sobre o fluxo de nacionais franceses a entrar em território luso, que indicam que no final do ano de 2017 a comunidade francesa em Portugal ascendia a mais de 17 mil pessoas, sendo já uma das maiores comunidades estrangeiras no país, permanece atual e consentânea com a realidade em várias áreas da sociedade portuguesa.
Desde logo, é ajustada à realidade da economia portuguesa, sector em que a França ocupa um papel cimeiro ao nível do investimento e cujas empresas são geradores de um considerável volume de negócios e criação de postos de trabalho.
O sector imobiliário nacional é paradigmático da tendência de atração francesa por Portugal. Ainda recentemente o Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) divulgou dados que revelam que um quinto das casas compradas em Portugal no ano transato foram adquiridas por estrangeiros, destacando-se os franceses como os que mais investiram neste ramo do setor secundário da economia.
No mesmo ano, na época estival, os turistas residentes em França foram os maiores compradores em Portugal, despendendo mais de 500 milhões de euros, sensivelmente 27% do total de gastos de turistas estrangeiros no país. Nesse sentido, e tendo em linha de conta que o Turismo é uma atividade económica estratégica para o desenvolvimento socioeconómico do país, designadamente para o emprego e para o crescimento das exportações, os turistas franceses têm tido um contributo importante na recuperação económica portuguesa.
O sol, a qualidade de vida, a segurança, a proximidade cultural, os benefícios fiscais e o custo de vida menor que em França, têm contribuído igualmente nos últimos anos para que milhares de pensionistas gauleses venham residir para solo português. Assim como para o estabelecimento em Portugal de franceses altamente qualificados, interessados em viver nas zonas históricas e em fazer negócios, reforçando os laços privilegiados de amizade, e de cooperação económica e financeira luso-francesa.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor.