Poder do exercício nas doenças neurodegenerativas: Qual o momento certo para iniciar?

Verónica Caniça, Fisioterapeuta, CNS - Campus Neurológico
Verónica Caniça, Fisioterapeuta, CNS - Campus Neurológico. Foto: DR

Nos últimos anos, tem crescido significativamente o interesse na comunidade científica em entender de que forma as intervenções baseadas no exercício físico regular podem prevenir e mitigar as consequências de doenças neurodegenerativas. Hoje sabe-se que o exercício é neuroprotetor e tem impacto nas funções motoras e cognitivas, considerando os seus benefícios a longo prazo e quando praticado com consistência.

Sabemos que “se o exercício pudesse ser colocado num comprimido, seria, de longe, o medicamento mais prescrito e benéfico” – O que reforça a sua importância na prevenção através da promoção de saúde e bem-estar, mas também no tratamento de condições já existentes.

As doenças do movimento, como a Doença de Parkinson, os Parkinsonismos atípicos e a Esclerose Múltipla, bem como as demências, como a Doença de Alzheimer, têm um impacto profundo na qualidade de vida dos doentes e dos cuidadores.

Neste contexto, a intervenção da fisioterapia é baseada em exercício e demonstra ser crucial no controlo dos sintomas destas patologias, desde o momento do diagnóstico e ao longo do decurso da doença.

Qual o momento certo para iniciar?

A fisioterapia, integrada numa colaboração interdisciplinar, deve ser iniciada o mais cedo possível – mesmo quando os sintomas são ligeiros. Assim, permite o aumento da eficácia no ensino da autogestão da doença, promove a adesão a longo prazo e incentiva o envolvimento com o exercício. Em estados mais avançados de doença, a abordagem deve ser ajustada para aumentar a especificidade, de acordo com a evolução dos sintomas.

A prescrição da fisioterapia tem como objetivo melhorar as capacidades motoras e a participação social das pessoas. O tipo de exercício a realizar pode ser abrangente, desde que seja desafiante e motivador para quem o pratica. Intervenções específicas, como o treino de marcha, treino de equilíbrio, e de capacidade física, são implementadas com o objetivo de maximizar a funcionalidade e a qualidade de vida.

Em suma, a abordagem centrada no movimento, aliada a um conhecimento abrangente da pessoa, contribui significativamente para a manutenção da autonomia, para a melhoria da qualidade de vida e para o controlo da progressão destas doenças. Investir precocemente em rotinas de exercício e de reabilitação é essencial para enfrentar os desafios impostos pela neurodegeneração.

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Autora: Verónica Caniça, Fisioterapeuta, CNS – Campus Neurológico