A descentralização que houve nos últimos 20 anos em Portugal estimula de forma desconcertante a cumplicidade entre as entidades locais que são responsáveis pela segurança das populações e as organizações informais como claques de futebol, grupos de motards, entre outras organizações…
O medo de perder votos por parte destes políticos enfrentando alguma criminalidade existente nestes grupos, evitando instalar câmaras de vigilância, dizendo que a polícia municipal não tem poderes para nada… entre outras manobras políticas, são reveladoras que esta conivência entre autarcas com este género de organizações, existe de fato, em certas terras da província.
O bairrismo exacerbado, misturado com a conivência das autoridades, facilmente gera situações de preconceito e discriminação de pessoas que são diferentes de “quem nasceu na terra”.
Os edis, que não querem perder votos, partilham de um sentimento comum de pertença a uma comunidade deixando-os amarrados a culparem o poder central pelas situações de xenofobia, desresponsabilizando-os daquilo que deveria a sua função; integrar todos independentemente da sua cor, religião e etnia. Estes autarcas mostram em vários sítios do país, uma indiferença em prevenir situações que levam ao desespero de quem é “estrangeiro” nestas terras. Este desespero por ser descriminado pelos seus conterrâneos, é assunto tabu em Portugal e a defesa da diferença em meios mais pequenos em que as pessoas têm o mesmo padrão de vida é inexistente.
Por esta e por outras razões, as situações de excesso de poder dos executivos camarários que conseguem calar muitas pessoas de se manifestarem politicamente em terras pequenas, de escreverem e falarem as suas ideias na imprensa local, faz com que a ditadura das câmaras municipais seja uma realidade cada vez mais premente no “Portugal fora de Lisboa…”
A inércia de quem tem os pelouros da segurança por parte dos executivos camarários em cidades que já deram provas de terem situações de extrema violência, faz com que os ditados antigos, a que ilude este meu título do artigo, seja cada vez mais uma realidade.
Para lá da razão, mandam os que lá estão!
Autor: Paulo Freitas do Amaral, Professor de História e Cofundador e Secretário-Geral do Nova Direita