É curioso o nosso jornalismo de investigação, principalmente televisivo, andar sempre tão preocupado e bem, a escrutinar tudo o que ultrapassou os limites do aceitável nos movimentos que educaram gerações de crianças ligados a setores da direita política, mas esquecerem-se sempre de escrutinar os movimentos ideológicos juvenis mais próximos da extrema esquerda como foi o caso do movimento “Pioneiros”, ligados ao comunismo em Portugal e que existiram no nosso país durante décadas.
Não se compreende, pois, que alguns destes jornalistas televisivos que fazem reportagens com suspense e emoção, sendo naturais de terras onde o comunismo imperou durante quase toda a nossa democracia, desconheçam que os movimentos como os “Pioneiros” pretendiam a formação ideológica das crianças com base na instrução que se fazia na União Soviética. Na minha perspetiva, as técnicas e os métodos utilizados eram inapropriados para crianças ainda de tenra idade ou jovens adolescentes em crescimento…
No que diz respeito na minha experiência de vida, bastou-me viver 8 anos no Seixal (quartel general do comunismo) para conhecer jovens (na altura em que também eu era um jovem) e até mais novos, que pertenceram a estes movimentos até à década de 90 e que não apreciaram os seus métodos e práticas promovidas por militantes que importavam o que vinha da Rússia, antiga URSS até 1992…
No entanto, esta forma de instrução que fez parte da nossa História, só é relatada na nossa imprensa televisiva comunista, se houver uma “Zita Seabra” que quebre o silêncio, pois pelos corredores da imprensa há ainda quem tenha muito respeito pelo contributo que os seus pais deram para a revolução que também era para ser comunista, mas que só foi travada pelo 25 de novembro pelos militares moderados que controlaram a programação televisiva.
Fiquemos então, até existir alguém com coragem, sem estas histórias mais tristes, na nossa História de Portugal.
Autor: Paulo Freitas do Amaral, Professor de História, Secretário-Geral do partido Nova Direita