O movimento associativo das comunidades portuguesas constitui um dos mais importantes elos de ligação dos inúmeros compatriotas espalhados pelos quatro cantos do mundo à língua, cultura, história e memória da pátria de origem, e simultaneamente uma das marcas mais expressivas da inserção nos territórios de acolhimento onde encetaram os seus percursos de vida e de trabalho.
Espaços privilegiados de cultura e participação cívica, o movimento associativo é a argamassa identitária que une as comunidades portuguesas, catapultando as mesmas para um patamar de “verdadeiras embaixadoras de Portugal pelo mundo fora”, como sobrelevou numa das últimas comemorações do 10 de Junho o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
No entanto, é percetível no seio das comunidades portuguesas que o movimento associativo da diáspora enfrenta, hoje, um desafio fundamental para a sua própria sobrevivência futura, que advém essencialmente do envelhecimento dos seus quadros dirigentes e das dificuldades em captar a participação dos lusodescendentes. Este último ponto está inclusivamente neste momento, a ser alvo de uma pesquisa por parte do conselheiro das Comunidades Portuguesas no Canadá, Daniel Loureiro, luso-canadiano a residir em Montreal, que pretende através desta via “descobrir porque não há uma maior adesão dos lusodescendentes aos eventos da comunidade”.
Segundo o mais jovem dos conselheiros das Comunidades Portuguesas, os jovens da comunidade “são orgulhos das suas raízes e de pertencerem à comunidade portuguesa”, porém há que “preencher esse orgulho” com atividades para “manterem viva a comunidade” que dentro de 40 ou 50 anos terá que se “rejuvenescer”.
O rejuvenescimento do movimento associativo das comunidades portuguesas é condição sine qua non para a sua sobrevivência, exigindo aos seus membros uma vivência cultural que seja capaz de ultrapassar os impactos e conflitos geracionais. Torna-se assim, indispensável a diversificação de atividades de animação sociocomunitária, que possam conciliar a cultura tradicional enraizada no movimento associativo, com novas dimensões socioculturais, como o cinema, a literatura, o design, a dança, o teatro, a arte ou a moda, entre outros, de modo a atrair as jovens gerações de lusodescendentes e as mesmas impulsionarem a presença portuguesa no mundo.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor