No final deste mês realiza-se uma vez mais, no Grão Ducado do Luxemburgo, um país da Europa Setentrional circundado pela Bélgica a oeste, a França a sul e a Alemanha a leste, uma nova edição do Festival das Migrações, Culturas e Cidadania, que atrai todos os anos milhares de pessoas.
Este ano assinala-se a 37.ª edição desta iniciativa do Comité de Ligação das Associações de Estrangeiros (CLAE), que constitui um ponto de encontro anual dos estrangeiros no Luxemburgo, que representam cerca de metade da população do país. O português é mesmo uma das cinco línguas mais faladas no país depois do francês, luxemburguês e alemão, tanto que em 2015, havia mais de 90.000 portugueses no território, representando 17% da população do Luxemburgo.
Valorizar as culturas e partilhá-las, assim se pode resumir a essência deste evento multicultural que inclui exposições, concertos, encontros literários, projeções de filmes e gastronomia dos quatro cantos do mundo. Na esteira de Jorge de La Barre, sociólogo que se tem interessado pela etnomusicologia, o festival enquanto processo de internacionalização da cultura, acentua a preocupação “de “dar a voz” ao Outro, respeitar as diferenças, as maneiras de ser e de dizer”.
No decurso do festival na LuxExpo no Kirchberg, decorre a 20ª Feira do Livro e o 8.º encontro de culturas e artes contemporâneas, ArtsManif, que, como em edições anteriores, contará com a presença de escritores e artistas dos quatro cantos do mundo, inclusive do espaço lusófono, que têm nestes dias um palco privilegiado para a promoção e divulgação dos seus trabalhos.
Numa época em que a tentação de construção de muros a separar povos e culturas é grande, onde os populismos parecem ganhar terreno à custa das consequências económicas, da crise de refugiados e de intolerâncias religiosas, o Festival das Migrações, Culturas e Cidadania é uma pedrada no charco que agita as águas, reafirmando a premência da construção de uma cidadania europeia e mundial ativa, assente no primado universal da diversidade cultural, das minorias e dos valores dos direitos humanos.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor