Um dos mais importantes pilares da proteção civil em Portugal, os Bombeiros desempenham um serviço fundamental em ações de socorro decorrentes de acidentes rodoviários, combate a incêndios, desastres naturais e industriais, emergência pré-hospitalar e transporte de doentes, assim como abastecimento de água às populações, socorros a náufragos, e inúmeras ações de prevenção e sensibilização junto das populações.
Exemplos de serviço de cidadania, às vezes sem o devido reconhecimento dos poderes políticos, as corporações de bombeiros em Portugal debatem-se constantemente com grandes dificuldades, resultantes da falta crónica de meios financeiros, que em muitos casos entravam inclusive a prestação de serviços essenciais às populações.
Ao longo dos últimos anos, muitas destas dificuldades e entraves, agravados pelos contextos de debilidades económicas, têm sido mitigados e ultrapassados graças à generosidade de vários emigrantes portugueses, que um pouco por todo o território nacional são um apoio vital para o funcionamento de corporações e para a prossecução de relevantes serviços prestados pelos bombeiros às populações.
Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se plasmado no altruísmo do emigrante luso-americano Tony Amaral, benemérito e fundador da comunidade portuguesa de Palm Coast. Natural do concelho de Ovar, distrito de Aveiro, António Amaral emigrou para a América nos anos 60, com tenra idade, na companhia da mãe e dos quatro irmãos, ao encontro da figura paterna que emigrara três anos antes em demanda de melhores condições de vida para uma família humilde.
A chegada à América do Norte, mais concretamente a Nova Jérsia, para onde o pai emigrara nesse período, e onde o jovem ovarense haveria de conhecer a esposa Maria, também emigrante, natural de Viseu, e com quem se casou aos 18 anos, marca o início de um percurso de vida de um verdadeiro “self–made man”.
Dotado de rasgo e visão, António Amaral, mais conhecido como Tony, abriu na década de 1980 em Palm Coast, cidade localizada no estado da Flórida, uma construtora, e começou a dedicar-se à compra e venda de terrenos. O sentido de esforço, trabalho e dedicação, permitiram ao fundador da comunidade portuguesa de Palm Coast, construir nas últimas décadas um império empresarial com bases sólidas nas áreas da construção civil e imobiliário, que foi capaz de obter dividendos do crescimento populacional da Flórida, um dos maiores entre os estados americanos.
Radicado há mais de cinquenta anos nos EUA, o sucesso que o empresário alcançou ao longo dos últimos anos no mundo dos negócios, tem sido acompanhado de uma singular dimensão benemérita em prol da comunidade luso-americana. Como sustenta a missão singular da Fundação Amaral, constituída pelo emigrante ovarense em 2006, e que há cerca de duas décadas entrega bolsas de estudo a alunos lusodescendentes na Flórida.
O profundo sentimento bairrista e de apego às raízes pátrias, têm impelido invariavelmente o benemérito luso-americano a apoiar iniciativas em prol de causas nacionais e locais. A mais recente, ocorreu no passado dia 27 de janeiro, através da dinamização de um jantar de beneficência para as obras do quartel dos Bombeiros Voluntários de Ovar.
O evento solidário, organizado por Tony Amaral, família e amigos, que decorreu nas instalações do Portuguese American Cultural Center of Palm Coast (PACC), almejou através da mobilização de forças vivas da comunidade portuguesa radicada na Flórida, angariar mais de 25 mil dólares. Uma importante receita, que em conjunto, com a verba recolhida nesse dia num evento com o mesmo fim realizado nas instalações da Associação Cultural e Desportiva do Torrão do Lameiro, em Ovar, permitirá alavancar o financiamento das obras do quartel da centenária e humanitária instituição ovarense.
O insigne e constante altruísmo do emigrante luso-americano Tony Amaral em prol da sua comunidade de origem, desígnio cívico que impeliu em 2021 o Município de Ovar a distinguir o seu filho ilustre com a Medalha Municipal de Prata. E, em particular, o seu altruísmo em prol dos Bombeiros Voluntários de Ovar, recorda-nos a máxima do presidente norte-americano Theodore Roosevelt: “Faça o que puder, com o que tem, onde estiver”.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor