No final do passado mês de setembro, a Cáritas Portuguesa, uma instituição oficial da Conferência Episcopal Portuguesa para a promoção e dinamização da ação social da Igreja Católica, que tem como missão o desenvolvimento humano e a defesa do bem comum, apresentou na Câmara Municipal de Santarém, o livro “Mala da Partilha – Histórias de Vida”.
A obra, coordenada por Filipa Abecasis, Responsável Operacional da Unidade Internacional da Cáritas Portuguesa, e prefaciada pelo Cardeal Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, nas Filipinas, e presidente da Caritas Internationalis, assenta num conjunto expressivo de cartas/testemunho de refugiados, emigrantes e imigrantes, que comparam e cruzam diferentes perspetivas do fenómeno migratório. Designadamente, as trajetórias de quem chega a Portugal à procura de uma vida melhor, com os percursos de quem sai do território nacional à procura de melhores condições de vida.
Segundo Filipa Abecasis, o livro, publicado no âmbito da campanha “Partilhar a Viagem” da Caritas Internationalis, que foi lançada pelo Papa Francisco, em 2017, com o tema “acolher, proteger, promover e integrar” migrantes e refugiados, enquadra uma “panóplia de testemunhos bastante diferentes que mostram a forma como as pessoas se sentem mais ou menos integrados, quais foram os desafios também na sua viagem até chegarem e depois também a história de integração”.
As diferentes histórias de vida reunidas na obra sublinham desde logo, que embora o país continue marcado pela emigração, estimativas da Nações Unidas apontam que o número de portugueses emigrados é de mais de 2,2 milhões, o processo de imigração em Portugal tem vindo a assistir nos últimos anos um crescente aumento. Dados recentes do Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo (RIFA) do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), registam que atualmente vivem em Portugal mais de 480 mil estrangeiros, maioritariamente oriundos do Brasil, Cabo Verde, Roménia, França e Itália.
Neste sentido, as diferentes histórias de vida partilhadas no livro, visam essencialmente a promoção de uma cultura do encontro propugnada pelo atual Papa Francisco, como contraposto à globalização da indiferença que grassa em muitas partes do mundo, e que não respeita a dignidade humana de migrantes e refugiados.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor