Uma das marcas mais características das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo é a sua dimensão empreendedora, como corroboram as trajetórias de diversos compatriotas que criam empresas de sucesso e desempenham funções de relevo a nível cultural, social, económico e político.
Nos vários exemplos de empresários portugueses da diáspora, cada vez mais reconhecidos como uma mais-valia estratégica na promoção internacional do país, destaca-se o percurso inspirador e de sucesso de John Guedes, reputado empreendedor e benemérito da comunidade luso-americana.
Natural de Vilas Boas, uma freguesia do concelho de Chaves, João Guedes emigrou para a América no alvorecer da década de 1960, com 10 anos de idade. Numa época em que o fardo da pobreza, da interioridade e a estreiteza de horizontes na região trasmontana durante o Estado Novo compeliu uma forte vaga migratória para o centro da Europa e para a América.
Detentor de um percurso educacional que computou nos anos 70 a formação académica em arquitetura no Norwalk State College, na cidade de Norwalk, no Connecticut, o terceiro menor estado norte-americano em extensão territorial, onde a presença portuguesa é muito relevante, o emigrante trasmontano, conhecido nos Estados Unidos como John Guedes, fundou no ocaso dessa década a Primrose Companies. Uma empresa de arquitetura e construção, sediada em Bridgeport, a cidade mais populosa do Connecticut, com cerca de meia centena de trabalhadores e especializada em projetos de construção de escritórios comerciais, multiresidenciais e médicos no Connecticut e em Nova Iorque.

Com mais de mais de 40 anos de experiência e sucesso no setor da construção e design, entre os muitos projetos que contam como o cunho do arquiteto luso-americano, encontram-se, por exemplo, “The Birmingham Apartments”, em Shelton; o “Federal Arms Apartments”, em Bridgeport; a “Twin Brooks Village Homes”, em Trumbull; a “Post Road Professional Center”, em Westport; ou o “Easton Community Center”, em Easton.
Presentemente, John Guedes é o responsável pelo projeto que prevê a construção de um edifício residencial de cinco andares, com 100 apartamentos, no espaço da antiga Escola St. Emery de Fairfield, um dos oito condados que formam o estado americano do Connecticut. O empreendimento, designado de “Kings Highway Commons”, e estimado em dezenas de milhões de dólares, assevera mais um marco no percurso pessoal e na obra do arquiteto luso-americano, que se tem destacado por uma notável capacidade de trabalho e infindável talento criativo.
O sucesso que o emigrante flaviense tem alcançado ao longo dos últimos anos, tem sido acompanhado igualmente de um apoio constante à região trasmontana, torrão a quem devota um extraordinário sentimento benemérito. Na sua aldeia natal, onde regressa amiúde, entre outros exemplos filantropos, pagou o terreno onde está o campo de futebol, financiou a abertura de um caminho e a construção de um parque de lazer, patrocinou jornadas culturais e doou cem mil euros para a construção da sede da associação cultural local.
O espírito generoso de John Guedes estende-se também, por exemplo, , ao Patronato de São José, em Vilar de Nantes, uma instituição flaviense de solidariedade que acolhe crianças do sexo feminino. E à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidago, a quem já apoiou com a compra de um monitor de sinais vitais para equipar uma ambulância, assim como de uma ambulância de emergência e de uma ambulância de transporte múltiplo (ABTM). Contexto que levou a corporação, que desenvolve a sua atividade em várias freguesias, a sul do concelho de Chaves, distrito de Vila Real, a atribuir ao arquiteto luso-americano na primeira década do séc. XXI a medalha de prata da Associação Humanitária. E inclusive, a descerrar em 2022, um busto em sua homenagem no quartel dos “Soldados da Paz”.
Ilustre filho da terra transmontana, o exemplo de vida do arquiteto luso-americano John Guedes, inspira-nos a máxima do ensaísta Khalil Gibran: “A generosidade não está em dar aquilo que tenho a mais, mas em dar aquilo de que vós precisais mais do que eu”.
Autor: Daniel Bastos, Historiador e Escritor