Inaugurado o edifício-sede do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S), Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), lembrou que foi “ultrapassado um período particularmente instável e penalizador do desenvolvimento científico nacional”, referindo-se aos últimos quatro anos.
No entanto, indicou que hoje o i3S é “a clara demonstração da capacidade instalada e da responsabilização dos nossos investigadores em valorizarem o seu passado e reconhecerem os desafios para o futuro”. Um instituto que foi criado e consolidado “ao longo da última década”.
Para Manuel Heitor o i3S tem agora “dois grandes desafios”, o primeiro que designa por “coletivos”, ou seja, o de “vencer o individualismo e o irracional de muitos dos incentivos que hoje estimulam, à escala global, esse individualismo na atividade científica e académica”.
O Ministro da Ciência considera que é necessário lutar contra o individualismo para “garantir a evolução do i3S para uma grande instituição científica na Europa e no mundo”, mas que essa evolução também está ligado há necessidade de “transformar a Universidade do Porto numa grande Universidade de investigação à escala europeia”.
O segundo desafio do i3S é, no entendimento de Manuel Heitor, a “ligação externa efetiva à sociedade através do sistema de saúde e da formação médica”. Para o Ministro o i3S deve “relacionar a investigação biomédica no Porto com o ensino nas duas faculdades médicas e na faculdade de engenharia, assim como com os Hospitais do Porto”.
“Esperamos para que o i3S, em estreita colaboração com os hospitais do Porto, nos consiga ajudar a ultrapassar os desafios da investigação clínica e de translação e a construir em Portugal projetos-piloto de relevância internacional nesta área, com impacto efetivo na prática hospitalar e nos cuidados à população”, disse o Ministro da Ciência.
Neste contexto, Manuel Heitor referiu que está em curso a criação de uma “Agência Nacional de Investigação Clínica e Inovação Biomédica”, em articulação com o Ministério da Saúde e o “Conselho Nacional dos Centros Médicos Clínicos”.
O MCTES referiu ainda o “nível reduzido de qualificações da mão-de-obra nacional”, indicando que apenas 24% dos portugueses entre os 25 e 54 anos de idade têm habilitações universitárias, e assim, longe da média da União Europeia que é de 31%.
Em relação ao investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D), indicou que em 2014 a % do PIB (Produto Interno Bruto) destinado a I&D foi, em Portugal, de 1,29%, e na União Europeia de 2,03%, ao mesmo tempo lembrou que Portugal tinha atingido em 2010 um investimento em I&D de 1,6% do PIB.
Manuel Heitor anunciou, mais uma vez, que está em fase de conclusão “um novo regime legal e programa de estímulo ao emprego científico, de modo a incentivar a contratação responsável de investigadores doutorados em Portugal e criar novas condições para atrair recursos humanos qualificados”, ou seja, um novo regime que define que os investigadores deixam de estar vinculados através de bolsas de investigação mas por contratos de trabalho.
Mas também vai haver novas “condições contratuais com as instituições de ensino superior para garantir a necessária estabilidade no financiamento ao longo da legislatura”, anunciou o Ministro.
Mas o MCTES pretende ainda até 2017 reforçar a “autonomia das instituições académicas e científicas, implementar um sistema de avaliação (…), e assegurar um cenário de estabilidade ao financiamento de projetos e atividades de I&D”.
Da mesma forma o MCTES pretende, nos próximos meses, “reforçar o quadro legal e institucional dos Laboratórios Associados”, diversificando o sistema científico e tecnológico.
Na inauguração do i3S, Manuel Heitor lembrou ainda dois “grandes cidadãos, cientistas, visionários e políticos”: Corino de Andrade e José Mariano Gago, dois nomes que o i3S também homenageou no dia da inauguração do seu edifício-sede.