O Dia Mundial da Hipertensão é assinalado a 17 de maio com o objetivo de sensibilizar e promover a prevenção, deteção e controlo da hipertensão.
A pressão arterial elevada é um dos principais fatores de risco para desenvolver doenças do cérebro e cardiovasculares. Estas doenças são a principal causa de morte no nosso país (e nos países desenvolvidos).
Contabilizado apenas o ano de 2019, sabemos que faleceram 31.920 portugueses e perderam-se 45.950 anos de vida, devido a mortes do aparelho circulatório.
Os hábitos de vida sedentários, com frequentes erros alimentares e a inatividade física, levam ao aparecimento deste tipo de patologias, que infelizmente são tão frequentes nas nossas consultas.
Apesar de todo o conhecimento adquirido nesta área e dos esforços dirigidos nomeadamente ao controlo da Hipertensão arterial nos últimos anos, o mesmo está francamente longe dos nossos objetivos. Falta-nos promover literacia em saúde, maior adesão à terapêutica e diminuir a inércia médica.
Para se fazer o diagnóstico de hipertensão arterial, basta cumprir algumas medidas básicas e utilizar um aparelho (esfigmomanómetro) adequado e validado. Apesar de fácil, a técnica de medição, requer um cuidado extremo, não se podendo prescindir das condições mínimas, técnicas incluindo e ambientais. Existe ainda a possibilidade de realizar uma monitorização ambulatório da pressão arterial (MAPA), na qual um aparelho portátil faz as medições durante 24 ou 48h. Este exame apresenta diversas vantagens, em particular, na capacidade de classificar a hipertensão arterial em relação ao seu perfil noturno, bem como de verificar a eficácia da terapêutica ao longo das 24h do dia.
Depois de diagnosticada hipertensão arterial, a normalização dos valores tencionais, é uma estratégia crítica que deve ser alcançada de forma breve. Vasta evidência demonstra que, só por si, a normalização destes valores é um importante fator para a redução dos eventos cérebro e cardiovasculares, quer fatais quer não fatais.
A abordagem destes doentes implica não apenas o controlo dos valores tensionais ao longo das 24h, mas também, toda uma abordagem das suas possíveis causas, avaliação das suas repercussões nos órgãos alvo (i.e coração, cérebro, olhos, rins e vasos sanguíneos) e a identificação dos restantes fatores de risco para a ocorrência de eventos cardiovasculares, como por exemplo a diabetes, tabagismo, dislipidémia, obesidade.
A implementação de estilos de vida mais saudáveis, evitando os erros alimentares, o excesso de sal, os hábitos tabágicos e a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, o sedentarismo e a inatividade física, a obesidade e a má gestão do stress, são primordiais na abordagem terapêutica não farmacológica. Do ponto de vista farmacológico, vários são os medicamentos disponíveis para combater o aumento da pressão arterial, devendo por isso o tratamento ser individualizado e diretamente dependente da avaliação do seu médico, uma vez que diferentes atitudes terapêuticas podem ser necessárias.
Neste Dia Mundial da Hipertensão arterial, vamos então estar mais atentos a esta doença. Faça um rastreio e no caso dos valores se encontrarem elevados, consulte o seu médico assistente, não só para confirmar o diagnóstico, mas também, para discutir com ele o seu risco cardiovascular e adotar estratégias terapêuticas (não farmacológicas e farmacológicas se necessário) tendo em vista uma vida mais saudável e livre de doença.
Juntos pela sua saúde e pela saúde dos seus vasos!
Autor: Diogo Cruz, Médico Internista / Sociedade Portuguesa Medicina Interna