O estudo já publicado no Journal of Hydrology teve por base um caso concreto, ou seja, a bacia hidrográfica do rio Vez, principal afluente do rio Lima, um dos mais problemáticos do país pela recorrência de cheias, indica a UTAD em comunicado.
“O modelo está neste momento a ser aplicado em outros locais considerados críticos pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”. Ao todo a APA considera existirem 22 regiões em Portugal continental sujeitas a inundações, tendo os investigadores estudado vários locais “para implantação de bacias de retenção, onde foram tidas em conta a proximidade aos locais de jusante, a densidade populacional e atividades humanas com implicações de poluição difusa ou pontual”.
“Os resultados mostraram que são necessários mecanismos de menor impacte para diminuir escoamentos superficiais, alicerçados em infraestruturas verdes, focadas para o aumento de retenção de água pelos aquíferos, solo e ecossistemas aquáticos, em vez de obras de grande porte como barragens”, refere o investigador Luís Filipe Fernandes, citado no comunicado da UTAD.
Para Luís Fernandes, “estes sistemas melhoram em simultâneo o estado ecológico das massas de água, reduzem a vulnerabilidade a cheias e secas, restauram o caráter funcional e maximizam o serviço de ecossistemas”.
Os investigadores aplicaram “equações de engenharia acompanhadas de análise multicritério e tratamento espacial de dados através de Sistemas de Informação Geográfica”, para chegar ao modelo final. Uma metodologia que usou “um modelo de redução de cheias com base em bacias de retenção, tendo em conta três módulos (hidrológico, geomorfológico e ambiental) que entram em linha de conta com o volume de armazenamento e localização apropriada bem como com aspetos como ações do homem, qualidade da água, entre outros”.
As cheias urbanas, pelas suas caraterísticas, podem causar elevados prejuízos materiais, sobretudo em situações de ‘pico’. “No caso do rio Vez, podem chegar aos 550 m3/s com fluxos associados a uma topografia escarpada e a alta pluviosidade”.
O estudo dos investigadores da UTAD indica como solução um “extenso programa de reflorestamento para aumentar a evapotranspiração, reduzindo, consequentemente, o escoamento”, uma abordagem que passa pela descentralização do sistema de retenção em várias bacias mais pequenas “facilmente integradas na paisagem natural, com baixo impacto ambiental”.