Na cerimónia da imposição das insígnias, que decorreu no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, referiu que “não há verdadeira Liberdade sem efetivação dos direitos económicos e sociais e culturais, e um deles, cimeiro, é o direito à Saúde”, e acrescentou que as condecorações atribuídas são o “reconhecimento de carreiras dedicadas ao serviço da liberdade, da democracia e da constituição, no domínio da saúde”.
“O Doutor António Duarte Arnaut tem o seu nome indelevelmente ligado ao Serviço Nacional de Saúde (SNS). Não apenas como constituinte, mas também como governante, e depois, como paladino, ao longo de décadas, na defesa daquilo que é a efetivação de um direito fundamental dos portugueses”, referiu o Presidente.
Já no caso do Professor Doutor João Lobo Antunes, o Presidente da República referiu que “tem a sua pesquisa, o seu ensino, a sua prática, o seu magistério pessoal e institucional ligado ao domínio da saúde, e nesse sentido contribuindo de forma relevante e com excelência para a efetivação deste direito fundamental”.
António Duarte Arnaut, dirigindo-se ao Presidente, referiu: “só há liberdade a sério se o cidadão for libertado do medo do futuro, for libertado do medo de procurar os cuidados de saúde e não os ter, libertado do medo de querer trabalhar e não o ter. É por isso que o Serviço Nacional de Saúde é a trave mestra do Estado Social”.
Considerado o fundador do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, referiu ainda que o SNS, não é “apenas os cuidados dia a dia, mas um pouco de sonho, porque a saúde é muito importante, realiza a igualdade numa situação de fragilidade, e a igualdade é um bem necessário porque completa a liberdade, ela é indispensável numa situação de fragilidade”.
O Professor João Lobo Antunes, dirigindo-se ao Presidente, começou por dizer que a justificação da condecoração lhe deu que pensar, referindo: “qual é que tinha sido o meu contributo para a Liberdade. Eu diria que o meu contributo para a liberdade, para a construção da liberdade deste País foi essencialmente ser um homem livre, mas um homem servo no serviço à Nação, num serviço tão importante tão frágil (o) da saúde”.
Referindo-se ao seu percurso de vida João Lobo Antunes disse: “o que de facto me enche de mais orgulho e de consolação foi de alguma forma ter tratado os meus pares, aqueles que me procuravam, gente humilde, gente importante, toda a gente, todos iguais no sofrimento, todos iguais naquele encontro singular que é a clínica, na procura de um alívio, de um consolo, de uma esperança. Este foi o exercício da minha vida”.
Mas lembrou, também, outros marcos importantes na carreira, referindo que o campo da saúde lhe deu “a oportunidade de o alargar a outras áreas, no ensino e investigação” e o contributo que deu para juntar as duas grandes Universidades de Lisboa ou na criação do Instituto de Medicina Molecular.