Seis vitrais da Concatedral de Miranda do Douro estão a sofrer trabalhos de conservação e restauro. Os vitrais do tipo vidraça, datados de meados do século XX, montados em estruturas de calhas de chumbo e vidros incolores pintados encontram-se em muito mau estado de conservação, e em colapso estrutural, com iminência de desprendimentos.
Os trabalhos adjudicados pela Direção Regional de Cultura do Norte à empresa Clarisse Duarte da Silva, no total 27.772,00 euros estão em curso, por um prazo de execução de 180 dias, e têm como objetivo a preservação física dos vitrais através de uma intervenção de conservação e restauro que passa pelo desmonte integral de todos os vitrais para tratamento em oficina.
Concatedral de Miranda do Douro
Elevada a antiga vila de Miranda à categoria de cidade e de sede de diocese em 1545, o projeto da Catedral apareceu em 1549, e as obras iniciaram-se em 1552 sob a direção de Gonçalo de Torralva e Miguel de Arruda. O projeto insere-se na tipologia de Sés mandadas construir por D. João III, com uma fachada harmónica – em que um corpo central é ladeado por duas poderosas torres -, e um interior em três naves abobadadas à maneira gótica, com cruzaria de ogivas de nervuras visíveis.
O retábulo-mor é uma obra seiscentista, terminada em 1614, e deve-se ao trabalho de Gregório Fernández, mestre galego radicado em Valladolid e responsável por uma oficina bastante ativa durante o período maneirista. Igualmente digno de nota é o retábulo de Nosso Senhor da Piedade, em talha barroca de boa qualidade, e o órgão do século XVIII, de igual modo profusamente decorado com talha dourada.
A história da cidade foi bastante atribulada, pela sua condição de fronteira. Em 1710, por exemplo, caiu em poder espanhol e novamente em 1762. Terá sido esta ocupação estrangeira o motivo principal para a mudança do bispo para Bragança, cidade menos exposta a ameaças externas. Esta posição do titular da diocese e respetivo cabido deu início à decadência de Miranda enquanto sede episcopal.