Equipa de cientistas da American Cancer Society, do Harvard T.H. Chan School of Public Health, do U.S. National Cancer Institute, e de mais de 20 outros centros médicos e organizações, verificaram que uma maior concentração circulante de vitamina D está significativamente associada a um menor risco de cancro colorretal.
O novo estudo, já publicado online na revista do National Cancer Institute, vem reforçar algum do conhecimento existente, mas que não era conclusivo sobre a Vitamina D como protetora.
O estudo aponta que as concentrações ótimas de vitamina D para a prevenção do cancro colorretal podem ser mais altas do que as atuais recomendadas pela Academia Nacional de Medicina, que são baseadas apenas para manutenção da saúde óssea.
A vitamina D é conhecida pelo papel que desempenha na manutenção da saúde óssea, mas possui o potencial de reduzir o risco de cancro colorretal por meio de várias vias relacionadas com o crescimento e a regulação das células.
Os cientistas indicaram que estudos prospetivos anteriores ao agora divulgado deram resultados inconsistentes sobre se concentrações mais altas de 25-hidroxivitamina D circulante – medida aceita do status de vitamina D, – estão relacionadas a um menor risco de cancro colorretal. Os poucos ensaios clínicos aleatórios com suplementos de vitamina D em cancro colorretal não tinham mostrado qualquer efeito. Esta falta de resultados levou os investigadores a concluir que poderiam estar relacionados com a pequena dimensão dos estudos, com duração da toma do suplemento e com a adesão ao mesmo.
“Para lidar com as inconsistências dos estudos anteriores sobre a vitamina D e investigar associações em subgrupos populacionais, analisamos dados por nível de participantes, recolhidos antes do diagnóstico de cancro colorretal, de 17 coortes prospetivas e usamos critérios padronizados em todos os estudos”, referiu Stephanie Smith-Warner, epidemiologista do Harvard T.H. Chan School of Public Health e co-autor sénior do estudo.
O novo estudo envolveu a análise de mais de 5.700 casos de cancro colorretal e 7.100 controlos nos Estados Unidos, Europa e Ásia, e foi usado um único método de análise de laboratório para novas medições da vitamina D e para calibração de medições de vitamina D existentes. “Uma calibração que permitiu explorar sistematicamente o risco de haver uma ampla gama de níveis de vitamina D existentes internacionalmente”.
Os cientistas verificaram que as pessoas com concentrações circulantes de vitamina D inferiores às consideradas suficientes para a saúde óssea tiveram um risco 31% maior de cancro colorretal, durante o período de acompanhamento que variou de 1 a 25 anos e que em média foi de 5,5 anos.
No caso de concentrações circulantes de vitamina D acima da suficiênte para manter a saúde óssea as pessoas participantes no estudo apresentaram um risco 22% menor. No entanto, os investigadores indicaram que o risco não continuou a diminuir com o aumento de concentrações da vitamina D.
O estudo permitiu verificar que a associação protetora da vitamina D foi visivelmente mais forte nas mulheres do que nos homens em concentrações acima da suficiência para a saúde óssea. O risco de cancro colorretal ao longo da vida é de 4,2% (1 em 24) em mulheres e 4,5% (1 em 22) em homens. O cancro colorretal é o terceiro cancro mais comum e a terceira principal causa de morte relacionada ao cancro em homens e mulheres nos Estados Unidos, com cerca de 140.250 novos casos e 50.630 mortes previstas para 2018.
“Atualmente, as Agências de Saúde não recomendam a vitamina D para a prevenção do cancro colorretal”, referiu Marji L. McCullough, epidemiologista da American Cancer Society e coprimeiro autor do estudo. “Este estudo adiciona novas informações que as Agências podem usar ao rever as orientações sobre a vitamina D e sugere que as concentrações recomendadas para a saúde óssea podem ser menores do que seria ótimo para a prevenção do cancro colorretal”.
A vitamina D pode ser obtida na alimentação, principalmente através de alguns produtos (peixe, cogumelos, ovos, queijo, leite, etc), pela toma de suplementos e pela exposição ao sol. Os especialistas recomendam que a vitamina D seja obtida através da alimentação sempre que possível, porque a radiação ultravioleta excessiva é um importante fator de risco para o cancro da pele.