Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) estão a estudar o uso de videojogos para diagnóstico de doenças do envelhecimento, e em estudo preliminar os investigadores concluíram que os videojogos têm potencial para, no futuro, virem a ser utilizados como meio auxiliar de diagnóstico de algumas doenças.
A equipa de investigadores das Faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e Medicina (FMUC) da UC, envolvida no estudo, foi recentemente distinguida com o prémio de ‘Melhor Artigo Científico’ na International Conference on Entertainment Computing (ICEC 2017), que decorreu no Japão.
O foco consistiu em avaliar se os Serious Games, jogos aplicados a situações sérias, podem ser um instrumento útil para ser usado na avaliação cognitiva e estimulação da população idosa. Para o efeito os investigadores Hélio Neto, Joaquim Cerejeira e Licínio Roque, adaptaram com ferramentas três jogos para recolha de dados de forma a estudar o desempenho das funções cognitivas num público-alvo.
Os jogos devidamente adaptados foram testados em dois grupos de pessoas idosas. Um grupo na Unidade de Gerontopsiquiatria do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), sob a supervisão de Joaquim Cerejeira, e outro grupo constituído por idosos saudáveis.
Os investigadores recolheram e analisaram cerca de uma centena de indicadores, para estudar os níveis de desempenho ao longo do jogo. Também foi aplicado um teste padrão Montreal Cognitive Assessement (MoCA) em contexto clínico para rastreio de défice cognitivo.
Licínio Roque, investigador da FCTUC, indicou, citado em comunicado da UC, que os resultados revelaram “uma correlação direta entre o desempenho obtido nos jogos e o resultado alcançado no teste MoCa. Os jogadores que obtiveram melhor performance no teste padrão foram os que conseguiram concluir mais níveis nos jogos”.
Para Licínio Roque são necessários estudos mais aprofundados, mas a correlação mostrada pelo estudo, indica que os Serious Games poderão, no futuro, “ser utilizados como instrumento auxiliar de diagnóstico em patologias que envolvam avaliações neuropsicológicas.”
O investigador acrescentou: “Os jogos podem, de uma forma menos stressante e mais atrativa, ser usados como indicadores de substituição para testes cognitivos. Por exemplo, a pessoa pode estar no conforto da sua casa e ser acompanhada remotamente pelo médico enquanto joga”.
Joaquim Cerejeira, psiquiatra no CHUC e docente da FMUC, referiu, citado em comunicado da UC, que a abordagem baseada nos Serious Games “poderá vir a ser útil para caraterizar e monitorizar a função cognitiva dos doentes de uma forma rotineira e cómoda”, e concluiu: “O médico ou neuropsicólogo poderão dessa forma verificar se o desempenho do doente está de alguma forma prejudicado e verificar em que medida o tratamento instituído está a ser eficaz”.
O estudo preliminar tem vindo a ser desenvolvido ao longo de quatro anos com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPq, do Brasil.
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