A leishmaniose canina é uma doença parasitária grave, causada pelo parasita leishmânia. O parasita é transmitido por um inseto semelhante a um mosquito comum. A doença leishmaniose também pode afetar os gatos e, em casos raros, os humanos.
A doença está presente em toda a Península Ibérica e a sua prevalência tem aumentado nos últimos anos. Em Portugal, é os distritos de Castelo Branco e Portalegre onde se regista maior prevalência da doença, com 26% ou mais. Em Faro, Setúbal, Santarém, Coimbra, Guarda e Bragança a prevalência de leishmaniose é mais elevada é de 15% a 20%, indica em comunicado a AniCura.
Entre as diversas raças caninas, o Pastor Alemão, Boxer, Doberman e Cocker Spaniel são as mais suscetíveis de desenvolver leishmaniose.
“A leishmaniose é uma importante zoonose que afeta alguns dos nossos animais domésticos. É causada por um parasita protozoário, que é transmitido através da picada de um inseto (mosquito) vetor, o flebótomo. O cão é um dos principais hospedeiros reservatório do parasita e também um possível responsável pela transmissão da doença”, esclareceu Maria João Rodrigues, médica veterinária no AniCura CHV Porto Hospital Veterinário.
Os flebótomos são insetos com cores entre o amarelo-claro e o castanho-escuro, com pilosidades e de pequeno tamanho que, ao contrário dos mosquitos comuns, não emitem zunido quando voam. Estes insetos mantêm-se ativos durante os meses mais quentes, normalmente, entre abril e setembro. Em anos mais quentes, a sua atividade pode prolongar-se entre março e novembro.
“Os flebótomos estão ativos, sobretudo, entre o entardecer e o amanhecer e é durante este período que ocorre, normalmente, a transmissão do parasita da leishmaniose”, acrescentou a médica veterinária.
O médico veterinário Ricardo Medeiros, do AniCura Restelo Hospital Veterinário, explicou que “um dos sinais mais frequentes de leishmaniose canina é a perda de pelo, sobretudo em redor dos olhos, nariz, boca e orelhas. À medida que a doença progride, também se verifica a perda de peso no cão. Também pode ocorrer o desenvolvimento de dermatite ulcerativa (com feridas) que pode disseminar-se por toda a superfície corporal do cão”.
É conhecido que num estádio mais avançado da doença, o animal pode desenvolver insuficiência renal crónica e, nesta fase, os cães começam a urinar mais vezes e a beber mais água.
Como prevenir a Leishmaniose
A prevenção é a melhor forma de reduzir o risco de desenvolver a doença, já que os tratamentos atualmente disponíveis não permitem curar a infeção de forma definitiva, podendo os animais apresentar recidivas passados meses ou anos.
Os veterinários lembram a importância da vacinação contra a leishmaniose canina como forma de aumentar as defesas dos animais e reduzir o risco de desenvolver a doença. Segundo os profissionais, “a combinação da vacina com o repelente representa a proteção mais completa”.
Além destas medidas, é aconselhável evitar os passeios, sobretudo entre o entardecer e o amanhecer, período de maior atividade dos flebótomos transmissores; assegurar o bom estado de saúde do animal para proteger o seu sistema imunitário, através de uma alimentação cuidada, da vacinação e da desparasitação regulares; realizar rastreios anuais para detetar precocemente a doença e, consequentemente avançar para um tratamento mais eficaz.
O médico veterinário, Ricardo Medeiros, sugere os cuidadores “a procurarem aconselhamento sobre a leishmaniose e formas de prevenção junto do médico veterinário e a contactarem um profissional ao primeiro sinal de alerta de doença.”
O grupo de hospitais e clínicas de animais especializado em cuidados médico-veterinários para animais de companhia, a AniCura, acaba de lançar uma campanha de sensibilização para a leishmaniose destinada aos seus associados e aos cuidadores de cães. O objetivo da campanha, que decorre durante os meses de junho e julho, é promover a educação através da informação e sensibilizar para a importância da prevenção através da vacinação.