As vacinas já usadas para várias condições de saúde também podem proteger contra a demência. A conclusão é de um estudo de investigação já publicado no Journal of Alzheimer’s Disease.
Os investigadores descobriram que as pessoas que receberam a vacina contra o tétano/difteria e a vacina contra a tosse convulsa tiveram uma redução de 30% no risco de desenvolver a doença de Alzheimer. No caso das pessoas que receberam a vacina pneumocócica os resultados foram semelhantes, e no caso da vacina para herpes o risco foi reduzido em 25%.
Domenico Praticò, Diretor do Alzheimer’s Center da Temple University Lewis Katz School of Medicine, que não fez parte do estudo, refere que “a questão não respondida pelo estudo é: qual é o mecanismo pelo qual a vacina protegeria contra a demência?”.
“Durante anos, houve observações empíricas sugerindo que a ativação do nosso sistema imunológico poderia manter a doença de Alzheimer sob controlo. Curiosamente, alguns pequenos estudos anteriores sobre o efeito das vacinações gerais no risco de demência forneceram resultados algo promissores”, disse Domenico Praticò.
No estudo atual, os autores analisaram um grande número de indivíduos – mais 200.000 – que receberam algumas vacinas como as do tétano, difteria, herpes e pneumocócica. O grupo que recebeu as vacinas foi comparado com um grupo de indivíduos que não recebeu nenhuma vacina.
“Uma possível resposta a esta importante questão biológica é que as vacinas, ao ‘instruir’ o sistema imunológico a responder a um alvo específico, poderiam indiretamente ‘preparar’ as células imunológicas para responder de forma mais eficiente a qualquer insulto hipotético ao cérebro”, sugeriu Domenico Praticò. “Em outras palavras, eles podem estar mais bem preparados para a modulação da resposta inflamatória (também conhecida como neuroinflamação) no sistema nervoso central e regular a inflamação apenas pelos aspetos benéficos que ela proporciona.”
“O estudo atual pode apoiar algumas observações epidemiológicas recentes de que a exposição a agentes infeciosos (por exemplo, herpes) está a chamar a atenção como um possível fator de risco adicional”, acrescentou o especialista, “além dos fatores de risco já conhecidos para a doença de Alzheimer, como a genética, dieta e idade.
“Em resumo, este novo estudo é convincente”, conclui Domenico Praticò, “no entanto, precisa ser replicado para fortalecer as descobertas e o valor potencial das vacinas. Além disso, a hipótese sobre o possível mecanismo precisa ser testada tanto em modelos animais como em modelos celulares in vitro.”