As vacinas da gripe podem prevenir as pessoas de infeções gripais e salvar a vida dos pacientes de doenças cardiovasculares, pela redução das complicações cardíacas. A conclusão é de um estudo internacional liderado por investigadores da McMaster University e já publicado na revista The Lancet Global Health.
Os investigadores descobriram que as vacinas contra a gripe reduzem o impacto da pneumonia e as complicações cardiovasculares em pessoas com insuficiência cardíaca. Mark Loeb, investigador principal do estudo, afirmou: “Se tem insuficiência cardíaca, deve tomar a vacina contra a gripe porque lhe pode salvar a vida – foi isso que descobrimos neste estudo”.
O investigador, que é especialista em medicina molecular, médico de doenças infeciosas e microbiologista, acrescentou: “É subestimado que a vacina contra a gripe pode salvar as pessoas da morte cardiovascular”.
O estudo mostrou que, durante todo o ano, a vacina contra a gripe reduziu a pneumonia em 40% e a hospitalização em 15% em pacientes com insuficiência cardíaca. Durante a temporada de gripe no outono e inverno, a vacina contra a gripe reduziu as mortes em 20%, nos pacientes com insuficiência cardíaca.
Os dados recolhidos durante a temporada de gripe também mostraram que a vacina ajudou a proteger as pessoas contra complicações cardiovasculares, como ataques cardíacos e derrames.
O estudo permitiu rastrear mais de 5.000 pacientes com insuficiência cardíaca em 10 países da África, Ásia e Oriente Médio, onde poucas pessoas recebem uma vacinação regular contra a gripe. Os pacientes receberam uma vacina contra gripe ou um placebo, por ano, entre junho de 2015 e novembro de 2021.
Embora a gripe tenha sido associada a um risco aumentado de eventos cardiovasculares com risco de vida, Mark Loeb disse que as pessoas com insuficiência cardíaca já são vulneráveis a problemas de saúde. Os pacientes com a doença têm 50% de hipótese de morrer em cinco anos, enquanto 20% são hospitalizadas, por ano, devido a complicações cardiovasculares.
“É importante referir que analisamos países de baixo e médio rendimento, onde ocorrem 80% das doenças cardiovasculares e onde as taxas de vacinação contra a gripe são baixas”, referiu o investigador.
Para Salim Yusuf, diretor executivo do PHRI e autor do estudo, “a vacina contra a gripe deve fazer parte da prática standard em pessoas com insuficiência cardíaca, dada a sua simplicidade, baixo custo e segurança. Evitar um sexto das mortes por doenças cardíacas e prevenir hospitalizações é um processo muito económico e pode ter um importante impacto clínico e de saúde pública”.
O estudo é o primeiro ensaio clínico sobre a eficácia da vacina contra a gripe em pacientes com insuficiência cardíaca.