O Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) colocou implante de proteção impresso em 3D em cágado que tinha sido vítima de acidente rodoviário, em que resultou numa fratura na carapaça com necrose do tecido ósseo.
A intervenção cirúrgica de reconstrução da carapaça “vai precisar de pelo menos dois anos para regenerar o tecido” explicou Roberto Sargo, médico do Hospital Veterinário da UTAD e responsável pela intervenção cirúrgica, citado em comunicado.
Dada a natureza da intervenção clinica e as dificuldades perspetivadas no uso de técnicas médico-cirúrgicas convencionais, os especialistas consideraram uma abordagem clínica inovadora, onde a partir de uma tomografia computadorizada do animal, exame imagiológico bidimensional e software criado pela startup ‘NewMedTech’, foi concebido um modelo tridimensional da carapaça do cágado.
Os especialistas, com base no modelo 3D, realizaram um “estudo pré-cirúrgico virtual rigoroso”. De seguida, com recurso a modelação 3D avançada, foi criado um implante personalizado que encaixou ‘micrometricamente’ na carapaça do animal.
João Pedro Bordelo, doutorando na UTAD e responsável da ‘NewMedTech’ e pelo desenvolvimento do software, esclareceu que “conseguiu produzir um pequeno protótipo impresso, recorrendo à tecnologia de impressão 3D que se adaptou completamente a todas as curvaturas da carapaça”.
O rigor do modelo permitiu a selagem “de forma hermética, através da aplicação de uma resina adaptável aos contornos das duas peças e também à temperatura ambiente”, acrescentou João Pedro Bordelo.
Os especialistas do Hospital Veterinário da UTAD consideram que o animal vai precisar de seis meses a um ano para ter uma película rígida o suficiente, e também impermeável, para que o implante agora colocado possa ser retirado e o cágado possa voltar a fazer uma vida normal.
Roberto Sargo, esclareceu que se tratou de “uma cirurgia complexa, no que toca à técnica cirúrgica,” mas que foi possível com o recurso “a tecnologia de impressão 3D, que possibilitou a obtenção do protótipo físico da região anatómica a intervencionar, proporcionando o teste de alguns procedimentos cirúrgicos, sempre com vista à redução do risco cirúrgico implícito e duração do período anestésico”.
A startup ‘NewMedTech’ atualmente incubada na UTAD, foi criada por João Pedro Bordelo que desenvolveu o software de prototipagem rápida em 3D, do qual detém os direitos. A ‘NewMedTech’ fornece “serviços tecnologicamente avançados e inovadores na área da medicina”.