Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho Europeu de 27 de junho de 2024, a Presidente da Comissão Europeia e candidata indicada pelo Conselho Europeu a novo mandato, Ursula von der Leyen, defendeu a necessidade de um forte investimento na defesa na União Europeia.
“A guerra de alta intensidade regressou ao nosso continente e a Rússia é uma potência agressiva e perturbadora”, afirmou Ursula von der Leyen.
A Presidente da Comissão Europeia descreveu a evolução das economias de guerra na Rússia e na China, e referiu que a Rússia “transacionou rapidamente para uma economia de guerra”, em que “este ano gastará mais de 7% do seu PIB na defesa.”
Partindo do acordado na Agenda de Versalhes, Ursula von der Leyen referiu que “a Europa como um todo precisa de intensificar a defesa”, e descreveu: “Se olharmos para os gastos combinados da UE com a defesa de 2019 a 2021, em 3 anos, aumentaram 20%. Nesse mesmo período, os gastos com defesa da China aumentaram quase 600% e os gastos com defesa da Rússia quase 300%. E isto foi mesmo antes de a Rússia ter aumentado enormemente os seus gastos com defesa nos últimos dois anos.”
Investimentos na defesa
Para análise das necessidades na defesa “recorremos a diversas fontes, desde a Bússola Estratégica à Estratégia Industrial Europeia de Defesa, para identificar as capacidades de defesa necessárias. Temos ainda no topo alguns Estados-Membros que apelaram recentemente à criação de um escudo europeu de defesa aérea e outros que apelaram ao reforço da fronteira terrestre oriental da União.”
Ora, para “com base em fontes não confidenciais, estimamos que serão necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.”
Atualmente existem algumas “fontes no Quadro Financeiro Plurianual, perto de 11 mil milhões de euros, que poderiam ser complementadas com outros 11 mil milhões de euros fora do orçamento pelo Mecanismo Europeu para a Paz. Já criámos uma caixa de ferramentas para a defesa”, e “temos o Fundo Europeu de Defesa, o Mecanismo Interligar a Europa, ou o Programa Europeu da Indústria de Defesa, que tem, por exemplo, o Eurodrone como flagship. Mas, no geral, é necessário mais e, portanto, como o Conselho pediu, existem opções se chegarmos às possibilidades de despesas com a defesa.”
Ursula von der Leyen referiu que a “a primeira é: contribuição nacional adicional. A segunda opção é: acordo sobre novos recursos próprios a nível europeu”, e “há uma segunda questão: se os líderes recorrem imediatamente a esses recursos ou se utilizam antecipadamente o poder de empréstimo do orçamento da União e recorrem a esses recursos mais tarde.”
“Nenhuma dessas opções é fácil. Todas elas têm de ser encaradas com vontade política para decidir o que fazer em conjunto, mas têm de ser encaradas com seriedade” defendeu a Presidente da Comissão Europeia.