A Universidade Jean Piaget (UniPiaget), em Cabo Verde, mobilizou recursos e a experiência dos seus investigadores e docentes nos domínios da saúde, biologia molecular e ambiente de Cabo Verde para o combate à COVID-19 e às consequências na população. Atualmente está envolvida em três estudos na área da saúde pública.
“A pandemia está ainda em ascensão, embora controlada pelas autoridades sanitárias, que estão a fazer um seguimento estreito através do diagnóstico e do rastreamento de contactos. Os principais fatores negativos são a falta de rigor da população no cumprimento das medidas de prevenção e as dificuldades colocadas pela mobilidade das pessoas, principalmente nos transportes públicos e em locais com grandes aglomerações”, alertou Lara Ferrero Gómez, coordenadora do Grupo de Investigação em Doenças Tropicais da UniPiaget.
A investigadora faz parte igualmente da equipa técnica do estudo sobre a COVID-19 promovido pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), que inquiriu, em tempo recorde, mais de 5.300 pessoas para avaliar a prevalência do novo coronavírus na população, através da deteção da presença de anticorpos em amostras de sangue.
O inquérito sero-epidemiológico da infeção por SARS-CoV-2 concluiu que existe ainda uma grande suscetibilidade ao vírus, com uma taxa de prevalência muito reduzida, de 0,4%.
“A mortalidade em Cabo Verde é baixa, comparativamente com outros países, em parte por ter uma população muito jovem. Mas o aumento continuado do número de casos poderá afetar a camada mais idosa da população”, alertou Lara Ferrero Gómez.
Cabo Verde já ultrapassou a barreira dos 2.700 casos positivos desde 19 de março, com 2.010 recuperados, 27 mortes e dois cidadãos estrangeiros transferidos para os países de origem. As ilhas de Santiago e do Sal são as mais atingidas pela pandemia.
A participação do Instituto Piaget, para além do apoio concedido na área logística, inclui o estudo promovido pelas autoridades cabo-verdianas onde se estende a todos os passos do inquérito sero-epidemiológico, desde a planificação, organização, formação dos inquiridores, supervisão do inquérito no terreno, análise e discussão dos dados, e redação dos documentos que fazem parte do projeto, ainda em andamento.
A decorrer está já outro estudo, denominado “Saúde mental da população cabo-verdiana durante e após a COVID-19”. Neste caso, o envolvimento da UniPiaget é coordenado pela docente da universidade, Ana Suzete Moniz, diretora da Unidade de Ciências e da Natureza, da Vida e do Ambiente.
A instituição de ensino superior está também a participar num projeto internacional sobre a mortalidade por COVID-19, cuja proposta de colaboração foi já aceite pelo INSP de Cabo Verde.