A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, definiu as relações entre a União Europeia com a China como um dos temas mais complexos e importantes do mundo. No Instituto Mercator de Estudos sobre a China e o Centro de Política Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que há necessidade de aprofundar o conhecimento sobre um mundo em rápida mudança e que é isso que a leva a “discutir a política da Europa em relação à China”, pois considera que o “relacionamento com a China é um dos mais complexos e importantes do mundo”, e a “forma como o gerimos será um fator determinante para a nossa futura prosperidade económica e segurança nacional”.
Depois de se referir à história da China referiu que “as quatro grandes invenções da China Antiga – a bússola, a pólvora, a fabricação de papel e a impressão revolucionaram a civilização mundial. Mas esta última era é, de muitas maneiras, um dos capítulos mais notáveis desse longo, história sinuosa e muitas vezes turbulenta. Em menos de 50 anos, a China saiu da pobreza generalizada e do isolamento económico para se tornar a segunda maior economia do mundo e líder em muitas tecnologias de ponta”.
“Desde 1978, o crescimento médio foi de mais de 9% ao ano e mais de 800 milhões de pessoas saíram da pobreza. Esta é uma das maiores realizações do último meio século. O alcance da China estende-se por todos os continentes e instituições globais, e suas ambições são ainda maiores. Por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota, é o maior credor para países em desenvolvimento”.
A responsável da União Europeia acrescentou que o “poder económico, industrial e militar põe em questão qualquer noção de que a própria China ainda seja um país em desenvolvimento”, e citou Xi Jinping, referindo que até 2049 o Presidente da Republica Popular da China quer tornar a China um líder mundial em “força nacional composta e influência internacional”. O que no entender de Ursula von der Leyen, o presidente chinês “quer essencialmente é que a China se torne a nação mais poderosa do mundo”.
A presidente da Comissão Europeia considerou ser positivo que a economia da China se tenha reaberto após o COVID-19, mas acrescentou: “Mas, ao mesmo tempo, estamos preocupados com o que está por trás desse retorno ao cenário global”. Assim, “a definição de uma estratégia europeia em relação à China” deverá “começar com uma avaliação sóbria das nossas relações atuais e das intenções estratégicas da China”.
Ursula von der Leyen assumiu haver dificuldades nas relações da União Europeia com a China e referiu: “O nosso relacionamento com a China é importante demais para ser colocado em risco por não serem definidos claramente os termos de um compromisso saudável. É claro que nossas relações tornaram-se mais distantes e difíceis nos últimos anos. Há algum tempo, observamos um endurecimento muito deliberado da postura estratégica geral da China. E agora foi acompanhado por uma intensificação de ações cada vez mais assertivas.”
Da visita do presidente chinês a Moscovo a Ursula von der Leyen vê um aproveitamento da China com a guerra na Ucrânia, referindo que para lá de Xi Jinping manter uma “amizade sem limites” com Putin, presidente da federação russa, “fica claro que nesta visita a China vê a fraqueza de Putin como uma forma de aumentar a sua influência sobre a Rússia. E está claro que o equilíbrio de poder nessa relação – que durante a maior parte do século passado favoreceu a Rússia – agora inverteu-se.”
“O mais revelador foram as palavras de despedida do presidente Xi a Putin nos degraus do lado de fora do Kremlin, quando disse: ‘Agora, há mudanças, como não víamos há 100 anos. E somos nós que conduzimos essas mudanças juntos.’ “ relevou Ursula von der Leyen.