A recusa de compra de cereais à Ucrânia por parte dos países do Leste Europeu: Polónia, Hungria e Eslováquia, parece estar a incomodar as posições da Comissão Europeia, nos seus esforços para o escoamento dos cereais da Ucrânia. Para os três países a não importação de cereais e produtos agrícolas ucranianos é uma medida necessária para proteger os seus setores agrícolas de importações de produtos mais baratos.
Christopher Barrett, especialista em economia agrícola e de desenvolvimento, da Universidade Cornell, EUA, e investigador em insegurança alimentar e em mercados globais de alimentos, considera que as proibições de importação dos cereais irão apenas ser um suporte de curto prazo para os agricultores desses países, ao mesmo tempo irão infligir danos consideráveis à Ucrânia.
O especialista da Universidade Cornell referiu: “As proibições prejudicarão diretamente os agricultores ucranianos, reduzindo-lhe os preços enquanto já sofrem com a escassez de mão-de-obra, terras e equipamentos perdidos para a uma guerra iniciada pela Rússia. Se as proibições levarem a maiores perdas de alimentos perecíveis devido a restrições de armazenamento, elas também podem agravar a inflação dos preços dos alimentos, que aumentou o número de pessoas subnutridas em todo o mundo nos últimos dois anos.”
A União Europeia deve “comprometer-se na compra imediata de cereais ucranianos para enviar para países importadores de alimentos, países de baixo rendimento que enfrentam altos preços de alimentos e lutam atualmente para pagar as importações”.
Para Christopher Barrett uma decisão da União Europeia de aquisição direta de cereais à Ucrânia iria aliviar “a pressão sobre os agricultores domésticos na União Europeia, ao mesmo tempo em que apoiaria a Ucrânia e as operações humanitárias em todo o mundo”.
Até agora, apenas 13% dos recursos necessários para ajuda humanitária, pedidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), para 2023, foram satisfeitos. O investigador da Universidade Cornell lembrou: “A Comissão Europeia forneceu apenas 7% desse valor, muito menos do que sua parte justa (em comparação, os EUA forneceram 48%).”