Ucranianos manifestaram-se, esta tarde, 19 de fevereiro, na praça Martim Moniz, em Lisboa, para assinalar os ‘heróis’ da praça de Kiev, de 20 de fevereiro de 2014, onde cerca de 100 ucranianos foram mortos quando se encontravam na praça da independência ou Maidan, em protesto contra o presidente Viktor Ianukovich.
A manifestação que envolveu algumas dezenas de ucranianos foi organizada pela Associação de Ucranianos em Portugal com o objetivo de manter viva a memória dos que “foram mortos em defesa da liberdade”, referiu Pavlo Sadokha, presidente da Associação.
“Não só em Portugal mas também por toda a Europa há hoje manifestações para assinalar o terceiro aniversário do massacre de Maidan”, referiu Pavlo Sadokha, e acrescentou que a manifestação serve também para lembrar aos portugueses o acontecimento num momento em que a Ucrânia vive novos confrontos na região Leste.
“Ainda hoje foram mortos mais três ucranianos” devido aos confrontos com os separatistas russos, e numa altura em que a Ucrânia tanto precisa de apoio a “Assembleia da Republica aprovou uma proposta do Partido Comunista Português sobre uma Lei da Ucrânia que ilegaliza o Partido Comunista da Ucrânia”.
Em carta dirigida ao Presidente da República, Presidente da Assembleia da República e Deputados, a Associação de Ucranianos em Portugal manifesta a condenação e repudio pela “decisão da Assembleia da República Portuguesa, tomada no preciso momento em que Ucrânia precisa de todo o apoio internacional para parar a agressão militar russa”.
Sobre a decisão da Assembleia da República que aprovou, em 17 de fevereiro, sobre proposta do grupo parlamentar do PCP, o voto de protesto contra a Ucrânia, com votos favoráveis do PS, PCP, BE e PEV e votos contra do PSD e CDS, a Associação de Ucranianos lembra que “o artigo 37º da Constituição da Ucrânia estipula a proibição de formação e atividades dos partidos políticos e das organizações públicas, cujas metas estatuais ou cujas ações visam eliminar a Independência da Ucrânia”.
A Associação indica na carta que o Ministério da Justiça da Ucrânia recebeu documentação que prova o “envolvimento direto e ativo de representantes do Partido Comunista da Ucrânia nas ações que levaram à ocupação da Crimeia pela Rússia, nas ações de fornecimento de armas e financiamento de terroristas nas regiões do leste da Ucrânia, na organização dos referendos ilegais e separatistas nas regiões de Luhansk e Donetsk”.
“Cada país europeu possui a sua própria história, passou por suas próprias vivências coloniais e lida, de forma diferente, com o seu passado colonial e o presente pós-colonial”, lembra a Associação dos Ucranianos, e acrescenta que a “Ucrânia é uma jovem democracia que por cerca de 350 anos foi dominada por uma potência colonial estrangeira – o Império russo. Após um curto período de vigência da 1ª República de inspiração socialista (1917-1920), o país foi novamente ocupado pela Rússia bolchevique, a futura URSS.”