Os tumores oculares na órbita, globo ocular ou até na pálpebra são uma realidade. Os tumores podem ser benignos, mas também são muitas vezes também malignos. A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) lembra, no momento em que se celebra Dia Mundial de Luta contra o Cancro, 4 de fevereiro, para a necessidade de uma maior atenção à saúde ocular, para uma deteção e tratamento precoces.
“Felizmente, os tumores malignos oculares são relativamente raros e embora possam surgir em qualquer idade, são mais frequentes em idade adulta, especialmente em idosos”, explicou Rufino Silva, presidente da SPO. Os fatores de risco são de duas naturezas: pessoais e ambientais. O especialista acrescenta que estes fatores podem contribuir para o desenvolvimento de lesões tumorais oculares, “nomeadamente a genética, o estado imunitário, a cor da pele, a exposição à luz solar ou UV, entre outros”.
Rufino Silva esclareceu que os tumores intraoculares podem ter origem no olho, conhecidos como tumores primários, mas podem estar também associados a um qualquer outro órgão ou tecido do corpo, “após o que invadem ou disseminam para o olho”, os chamados os tumores secundários.
“Neste último grupo, encontram-se mais frequentemente metástases de tumores da mama e do pulmão, assim como algumas doenças hematológicas. Por outro lado, os tumores primários do olho podem também enviar metástases à distância para outros órgãos alvo, mais frequentemente o pulmão e o fígado, podendo pôr em risco a vida do doente”, esclareceu o responsável da SPO.
As crianças também podem ser vítimas de cancro ocular, sendo o retinoblastoma o tumor mais frequente, que pode surgir até aos cinco anos de idade em mais de 90% dos casos. “A leucocória (reflexo pupilar branco) e o estrabismo são os sinais mais frequentes à apresentação. Sem tratamento, o retinoblastoma leva à morte em dois a quatro anos por invasão do sistema nervoso central e metastização à distância.” A boa notícia é que, se identificado e tratado precocemente, “apresenta uma sobrevida superior a 90%”.
Nas pálpebras podem também podem surgir lesões tumorais benignas ou malignas. “O carcinoma basocelular é o tumor palpebral maligno mais comum e corresponde a 90% de todas as lesões malignas palpebrais”.
Um dos principais fatores de risco dos tumores das pálpebras é a exposição solar. Por isso, a atenção especial “a alterações recentes do bordo palpebral, distorção da margem palpebral, perda de pestanas, ferida que sangra facilmente e que não cicatriza ou alterações da cor e textura da pele”.
“Qualquer dúvida deve ser esclarecida com o seu oftalmologista, que fará o diagnóstico num exame de rotina. Quanto mais precoce for o diagnóstico e o tratamento, maior a probabilidade de cura”, indicou Rufino Silva.