Doentes com Tuberculose Pulmonar (TB) são normalmente tratados com vários medicamentos durante um período de seis meses, mas há também doentes que são tratados durante períodos mais longos.
Recorrendo a Tomografia Computorizada (TC), a Tomografia por Emissão de Positrões (PET) e a análise por marcador ARN mensageiro de Mycobacterium Tuberculosis, os investigadores descobriram que as lesões de tuberculose e a bactéria infectante podem permanecer nos pulmões durante muito tempo após tratamento.
“Isso é muito surpreendente: Quando tratamos as pessoas com medicamentos contra a tuberculose, a infeção não fica curada, mesmo quando os doentes parecem estar clinicamente curados”, referiu David Alland, coautor do estudo e Diretor da Divisão de Doenças Infecciosas na Rutgers New Jersey Medical School. “Para que o corpo possa fazer o resto do trabalho, precisamos de encontrar formas de estimular o sistema imunológico para que este haja de modo matar rapidamente a TB”.
De acordo com os Centros de Controle de Doenças (CDC) a Tuberculose Pulmonar continua a ser uma das principais causas de morte em todo o mundo, apesar das taxas de mortalidade de tuberculose terem caído 45% entre 1990 e 2012. Um terço da população mundial está infectada com tuberculose, e são mais de 9,5 milhões de pessoas por ano que adquirem a doença.
A Organização Mundial de Saúde e a Fundação Bill & Melinda Gates focam-se em regimes de tratamento curtos e simples para aumentar o número de doentes de tuberculose a terem tratamentos completos. Neste caso os resultados do estudo irão ajudar os investigadores a testar novas terapias e diferentes combinações de fármacos, referiu David Alland.
Os exames de PET/CT e a análise por marcador ARN mensageiro durante o tratamento pode medir a inflamação, detetar lesões e bactérias vivas nos pulmões, e monitorar a eficácia com que os tratamentos estão a erradicar a doença.
Ao estudar 99 doentes adultos com tuberculose, e que não sofriam de diabetes e de VIH, os investigadores descobriram que, após seis meses de tratamento, os exames de PET/CT indicaram que 76 doentes apresentavam lesões pulmonares semelhantes às encontradas em doentes com tuberculose pulmonar, mas não tratados.
Um ano após o tratamento, os investigadores verificaram que 50 dos doentes continuaram a apresentar anormalidades pulmonares, e que a maioria das lesões tinha diminuído em termos de gravidade e dimensão, mas que apenas 16 pacientes com anormalidades estavam totalmente livre de lesões de tuberculose.
Os restantes 34 doentes tinham lesões residuais significativas e em muitos foi detetada a Mycobacterium tuberculosis pelo marcador ARN mensageiro em gotículas de espirros, indicando a presença persistente de bactérias vivas, mesmo em doentes que já tinham sido curados dos sintomas clínicos da TB.
“Temos de reorientar o estudo para saber como matar esta TB persistente”, referiu David Alland. “Há uma grande variedade de novas combinações de medicamentos e novas vacinas a serem trabalhadas, incluindo vacinas terapêuticas para estimular o sistema imunológico”, e como estes novos marcadores, para estudar e verificar a TB, será possível chegar a melhores resultados com o tratamento.
Para além de David Alland, outro dos coautores do estudo foi Subhada Shenai, tendo sido os primeiros autores investigadores da Universidade de Stellenbosch, na Cidade do Cabo, África do Sul.
No estudo participaram também investigadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Instituto Nacional de Saúde, Universidade de Stanford, do Centro de investigação Internacional de Tuberculose, em Seul, Coreia do Sul, e da Fundação Catalysis para a Saúde, na Califórnia