A tuberculose (TB) continua a ser a principal doença de origem infeciosa no mundo, e em 2018 matou 1 milhão e 500 mil pessoas, No entanto, nos últimos 50 anos, apenas foram desenvolvidos três novos medicamentos para combater a doença.
Para Tereza Kasaeva, diretora do Programa Global de Tuberculose da Organização Mundial da Saúde (OMS), é preciso “mais investigação”, que permita “melhores diagnósticos, vacinas mais eficazes e regimes mais curtos e seguros de medicamentos”.
Os líderes globais têm vindo a afirmar que é preciso aumentar a investigação em TB, mas os compromissos precisam ser apoiados com recursos financeiros. “A pesquisa é cronicamente subfinanciada”, referiu Tereza Kasaeva.
Para a responsável da OMS é preciso duplicar “o atual nível de investimento para atingir a meta anual de 2 mil milhões de dólares, necessários para avançar significativamente na investigação e inovação em TB”.
Uma vacina para portadores de tuberculose latente
No final de 2019, os investigadores confirmaram haver uma vacina que poderá ser eficaz no tratamento de indivíduos com infeção latente por TB e que estava pronta para entrar na fase três de ensaios clínicos.
Se os ensaios clínicos vierem a confirmar a eficácia e a segurança necessária, a OMS indicou que “a vacina poderá estar disponível dentro de seis a sete anos”, e dado que se considera “que cerca de um quarto da população mundial tem TB latente, isso tem o potencial de revolucionar o tratamento preventivo”. Mas, no entanto, lembra que “uma vacina sozinha não resolverá a crise global da tuberculose”.
A investigação é uma preocupação de todos
A investigação deve ser promovida dado que os pacientes de tuberculose estão a morrer todos os dias. “A comunidade mais ampla da TB, incluindo a sociedade civil, deve envolver-se no projeto e implementação de investigação e compartilha de dados”, referiu Tereza Kasaeva.
A investigação deve levar a desenvolvimentos em prevenção, diagnóstico e tratamento que possam ser facilmente ser acedidos e implementados pelas comunidades que carregam o maior fardo da TB – a maioria das quais é desesperadamente pobre.
A OMS refere que existem testes de diagnósticos rápidos e precisos, mas não são amplamente acessíveis a todos os que precisam. Se não forem disponibilizados testes rápidos e acessíveis de diagnóstico nos pontos de atendimento, as pessoas com TB continuarão a aceder a tratamentos tardiamente, levando a um aumento da transmissão, serão diagnosticadas erradamente e terão maus resultados, incluindo a perda de vidas.
A OMS divulgou novas recomendações sobre as melhores opções de tratamento para a tuberculose resistente a medicamentos, mas ainda precisam ser amplamente divulgadas. Mas são precisos novos medicamentos, mais seguros e eficazes que atuem em menor espaço de tempo.
Atualmente, o ciclo mais curto de tratamento é de seis meses para TB suscetível a medicamentos, com duração ainda mais longa para TB resistente a medicamentos, lembrou a OMS, e que do meio milhão de indivíduos com tuberculose multirresistente, apenas um em cada três está a receber tratamento.
A colaboração é essencial
Atualmente, a OMS está a liderar os esforços para desenvolver e lançar uma nova Estratégia Global de Investigação e Inovação em TB para criar um ambiente propício para a investigação, otimizar a partilha e a análise de dados globais, aumentar os investimentos e garantir acesso equitativo aos benefícios da investigação e inovação.
Mas referiu Tereza Kasaeva, “às vezes é difícil encontrar recursos domésticos suficientes”, mas para romper reduto da tuberculose, um assassino que assola o mundo há séculos, a abordagem tem de mudar, com a investigação e a inovação a desempenhar um papel mais integral.