Especialistas da Seattle Cancer Care Alliance (SCCA) partilham ideias e conselhos sobre como continuar a fornecer o melhor tratamento para o cancro durante a nova pandemia de coronavírus (COVID-19). Lições aprendidas de experiências iniciais no tratamento de pessoas com cancro durante o surto de COVID-19, constam de estudo publicado no Journal of the National Comprehensive Cancer Network.
“Responder com rapidez e confiança à crise do COVID-19 é o atual desafio da assistência médica”, referiu Marc Marc Stewart, diretor médico da SCCA e coautor principal do estudo. O especialista acrescentou: “O nosso objetivo principal é manter os nossos pacientes com cancro e os nossos funcionários em segurança para que continuem a prestar cuidados de alta qualidade em circunstâncias que nunca antes tivemos de enfrentar”.
“A pandemia pela COVID-19 está a afetar, de um modo sem precedentes, todas as facetas das nossas sociedades globais e domésticas e os sistemas de saúde”, referiu Robert W. Carlson, CEO do National Comprehensive Cancer Network (NCCN). “Pessoas com cancro parecem estar em maior risco de contrair a COVID-19, e os seus resultados são piores do que nos indivíduos sem cancro. As instituições membras da NCCN estão a ganhar rapidamente experiência na prevenção e gestão da COVID-19” e estão a partilhar sua experiência na organização e gestão de respostas institucionais.
Os autores do estudo enfatizam a importância de manter abertos os canais de comunicação entre administradores e funcionários, pacientes, cuidadores e público em geral. Os autores recomendam a formação de uma estrutura de comando de incidentes (como descrito abaixo) para fornecer coordenação precoce aos esforços de toda a instituição e responder rapidamente a novas informações. Os especialistas destacam a necessidade de se manterem flexíveis e prontos para desafios inesperados.
Alguns dos desafios já previsíveis incluem:
■ Falta de pessoal devido a uma potencial exposição;
■ Limitações de recursos, como camas hospitalares, ventilação mecânica e outros equipamentos;
■ Impacto no tratamento devido a proibições de viagens, incluindo acesso reduzido a doadores internacionais para transplante alogénico de células estaminais.
Os especialistas recomendam para mitigar algumas dessas preocupações que sejam adotadas medidas proativas como:
■ Fornecer informações do paciente por meio de folhetos, ecrãs, pela Web e por uma linha telefónica dedicada para perguntas e triagem;
■ Remarcação de visitas e cirurgias e adiamento de consultas de segunda opinião (onde os cuidados já estão adequadamente estabelecidos);
■ Aumento das horas de funcionamento geral do hospital para reduzir o uso desnecessário de recursos no serviço de urgência;
■ Reforçar uma política restrita para “ficar em casa quando estiver doente” e garantir que a equipa tenha acesso a testes;
■ Restringir viagens e permitir o trabalho em casa sempre que possível;
■ Priorizar o uso de água e sabão e gel desinfetante para as mãos;
■ Limitar o número de membros da equipa que entram no quarto dos pacientes;
■ Considerar limiares mais baixos para transfusões de sangue;
■ Mover alguns procedimentos de internação para ambulatório;
■ Adotar uma política de não visitantes, com raras exceções, como circunstâncias de final de vida;
■ Conversas paliativas e proativas no final da vida com pacientes com cancro que podem ser infetados com COVID-19.