O remdesivir é um antiviral experimental que mostra melhores benefícios que o tratamento standard quando administrado a pacientes COVID-19. Os resultados de um ensaio clínico com o medicamento foi publicado hoje no The New England Journal of Medicine.
O Estudo de Tratamento Adaptativo COVID-19 (ACTT, sigla do inglês) randomizado e controlado incluiu adultos hospitalizados com COVID-19 com evidência de envolvimento do trato respiratório inferior, geralmente doença moderada a grave. Os investigadores descobriram que o remdesivir era mais benéfico para os pacientes hospitalizados com doenças graves que precisavam de oxigénio suplementar. As descobertas sobre os benefícios em outros subgrupos de pacientes foram menos conclusivas nesta análise preliminar.
Ensaio clínico
O ensaio clínico teve início em 21 de fevereiro de 2020 e registou em 58 dias 1.063 participantes em 10 países. Os pacientes forneceram consentimento informado para participar no estudo e foram aleatoriamente designados para receber o tratamento standard e o tratamento de remdesivir antiviral por via intravenosa, desenvolvido pela Gilead Sciences, ou tratamento standard e um placebo. O estudo foi duplo-cego, o que significa que nem os investigadores nem os participantes sabiam quem estava a receber o remdesivir ou o placebo.
As inscrições para o estudo foram encerradas em 19 de abril de 2020. Em 27 de abril de 2020 (enquanto o acompanhamento dos participantes ainda estava em andamento). O conselho independente que monitorou o ensaio e supervisionou a revisão dos mesmos compartilhou a sua análise preliminar com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infeciosas (NIAID, sigla do inglês), que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde, que patrocinou o estudo.
O NIAID divulgou rapidamente os principais resultados do estudo devido às implicações para os pacientes atualmente no estudo e para a saúde pública. O estudo já publicado no The New England Journal of Medicine descreve os resultados preliminares do ensaio clínico.
Resultados preliminares
O estudo mostra que os pacientes que receberam remdesivir tiveram um menor tempo de recuperação do que os que receberam o placebo. O estudo definiu a recuperação como o momento de alta hospitalar ou o momento em que o paciente está clinicamente estável o suficiente para receber alta hospitalar.
O tempo médio de recuperação foi de 11 dias para os pacientes tratados com remdesivir, em comparação com 15 dias para os doentes que receberam o placebo. Os resultados são estatisticamente significativos e baseiam-se na análise de 1059 participantes, em que 538 receberam remdesivir e 521 receberam o placebo.
Os médicos acompanharam o estado clínico dos pacientes diariamente usando uma escala ordinal de oito pontos a variar desde a recuperação total até a morte. Os investigadores também compararam o estado clínico entre os braços do estudo no dia 15 e descobriram que as hipóteses de melhora na escala ordinal eram maiores no tratamento com remdesivir do que quando usado o placebo. Os resultados dos estudos também sugeriram um benefício de sobrevivência, com uma taxa de mortalidade em 14 dias de 7,1% para o grupo que recebeu remdesivir versus 11,9% para o grupo de placebo; no entanto, a diferença de mortalidade não foi estatisticamente significativa.
Os indicaram que os resultados confirmaram o remdesivir como terapia padrão para pacientes hospitalizados com COVID-19 e que necessitam de oxigenoterapia suplementar. No entanto, observaram que a taxa de mortalidade de 7,1% aos 14 dias no tratamento com remdesivir indica a necessidade de avaliar antivirais com outros agentes terapêuticos para continuar a melhorar os resultados clínicos de pacientes com COVID-19.
Em 8 de maio de 2020, o NIAID iniciou um ensaio clínico (conhecido como ACTT 2) para avaliar o remdesivir em combinação com o medicamento anti-inflamatório baricitinibe em comparação com o tratamento apenas com o remdesivir.