Primeira vez foi usada, em Portugal, pelo Instituto Português de Oncologia de Lisboa (IPO Lisboa), uma terapia inovadora no tratamento do cancro do sangue em crianças.
A terapia assente na modificação genética de células. O tratamento, que é pioneiro em Portugal, pressupõe uma taxa de sucesso de 90% nas primeiras fases da doença, na área da leucemia pediátrica, estando indicado em casos de leucemia linfoblástica aguda B, mais concretamente em segundas recaídas, recaídas após transplante de medula ou em doença refratária.
Trata-se de uma forma de imunoterapia, ou seja, recorre ao próprio sistema imunitário do doente para combater a doença. O processo inicia-se com a colheita de linfócitos (células que fazem parte do grupo dos glóbulos brancos) dos doentes e encaminhamento para laboratório de criobiologia, e em seguida para laboratórios dos Estados Unidos e da Europa onde recebem uma modificação genética, ou seja, um gene que promove a produção de recetores de antigénio quimérico, CAR.
As células modificadas são novamente infundidas no sangue do doente através de um cateter venoso, num processo semelhante a uma transfusão. Estas células modificadas, designadas como células CAR-T, conseguem detetar as células tumorais no organismo do doente e vão atacar diretamente as células malignas e ajudar a eliminá-las.
O processo envolve a preparação da criança com quimioterapia e um acompanhamento permanente do seu estado clínico.
O primeiro procedimento em crianças com recurso a células CAR-T foi realizado no IPO Lisboa em dezembro último a uma menina que se encontrava já na terceira recaída de uma leucemia linfoblástica aguda tipo B. Os tratamentos anteriores não conseguiram eliminar completamente as células tumorais, persistindo uma quantidade de doença residual que não permitia realizar um transplante de medula com garantias de sucesso.
O IPO Lisboa divulgou que atualmente, a menina encontra-se estável e sem sinais de doença.