Passado quase um mês dos trágicos incêndios, a empresa de transportes Transdev Portugal homenageou, em Coimbra, os motoristas Eduardo Botto, Fernando Alves e António Castro pelo desempenho profissional que tiveram em presença das situações de elevado risco que tiveram de enfrentar no dia e noite de 15 de outubro.
Pierre Jaffard, CEO da Transdev Portugal, na cerimónia de reconhecimento de mérito que distinguiu os motoristas, referiu que o brio e profissionalismo demonstrados pelos três motoristas no “pior dia do ano”, em que desempenharam um papel de importância crucial na manutenção e defesa das condições de segurança dos passageiros que transportavam.
O CEO da Transdev referiu: “Sabemos hoje, através dos seus próprios relatos e principalmente das várias manifestações de louvor e gratidão que muitos passageiros, que seguiam com eles, nos fizeram chegar, que estes 3 motoristas demonstraram moral, abnegação e conhecimento”, uma capacidade que permitiu assegurar “a proteção de todos os passageiros, muitos dos quais com dificuldades de locomoção, quase todos assolados pelo pânico, e que acabaram por chegar sãos e salvos aos seus destinos”.
Na noite de 15 de outubro, domingo, o motorista Eduardo Botto, de São João da Pesqueira, circulava no IP3, entre Viseu e Coimbra. Sem possibilidade de inverter a marcha, tomou a corajosa decisão de enfrentar as chamas que invadiam aquela autoestrada, conseguindo retirar do local e em segurança os 48 passageiros a bordo do autocarro da Transdev.
Na mesma noite dos trágicos incendios, o motorista Fernando Alves, de Coimbra, transportava 49 excursionistas de regresso a casa após uma visita a Canas de Senhorim. Devido aos incêndios, o percurso teve de ser interrompido entre Vouzela e Tondela. Para evitar o fogo que, por ação do vento, insistia em impedir os acessos a estradas alternativas, Fernando Alves viu-se obrigado a levar o autocarro para diferentes locais, mantendo sempre a serenidade necessária para acalmar os passageiros, num ambiente marcado por gritos de aflição, alguns desmaios e grande desorientação.
Os passageiros a bordo, muitos dos quais com idade avançada e naturais dificuldades de locomoção, consideraram que o sangue frio, a coragem e o profundo conhecimento daquela zona que o motorista demonstrou possuir foram decisivos para evitar mais um dos vários episódios trágicos que marcaram aquela noite. Só na manhã do dia seguinte, pelas 7h20, é que foi possível completar o percurso em segurança.
O motorista António Castro, da Guarda, na noite de 15 de outubro, foi obrigado, devido aos incêndios, a interromper o percurso que realizava entre o Porto e Viseu, tendo ficado retido em Albergaria das 20h00 até às 10h30 da manhã do dia seguinte. Os passageiros do autocarro que conduzia destacaram a capacidade de liderança que o motorista evidenciou, mostrando-se incansável no apoio e conforto prestado aos passageiros ao longo de toda a noite.