O rastreio do cancro da próstata envolve normalmente exames de sangue, ressonância magnética e biópsias. São abordagens que, além serem desconfortáveis, alguns dos procedimentos resultam em diagnósticos excessivos de cancro de baixo grau.
Investigadores do University of Michigan Health Rogel Cancer Center, EUA, validaram clinicamente um teste de urina, que já tinha sido desenvolvido anteriormente, e que mostrou potencial para evitar procedimentos invasivos entre homens que provavelmente não se beneficiarão.
Os cancros da próstata são classificados com base no grau de Gleason ou no grupo de grau. Os cancros com Gleason 3+4=7, ou Grupo de Grau 2 (GG2), ou superior, têm maior probabilidade de crescer e causar danos em comparação com os cancros da próstata de Gleason 6 ou Grupo de Grau 1, que são considerados não agressivos.
O teste de urina, designado “MyProstateScore 2.0”, ou MPS2, analisa 18 genes diferentes ligados ao cancro da próstata de alto grau, e os investigadores já tinham demonstrado que o teste era eficaz na identificação de cancros GG2 ou superiores, evitando que os pacientes fossem submetidos a biópsias desnecessárias. Um estudo após um exame retal digital.
“O principal benefício é que o teste pode prever com precisão a probabilidade de desenvolver cancro da próstata agressivo, tranquilizando tanto o paciente quanto o médico”, esclareceu Ganesh Palapattu, professor de urologia.
O investigador acrescentou: “O processo requer que a próstata seja comprimida, causando a libertação de resíduos celulares numa amostra de urina que o paciente fornece após o exame retal”.
No entanto, o exame pode, para muitos pacientes, não ser prático dado estar está associado a algum desconforto.
A equipa de investigadores modificou a abordagem de colheita de urina para que o teste MPS2 pudesse detetar marcadores de cancro da próstata, sem exigir um exame retal prévio.
Usando amostras de urina de um grupo de 266 homens que não foram submetidos a um exame retal, os investigadores descobriram que o teste podia detetar 94% dos cancros GG2 ou superiores e era mais sensível do que os exames de sangue. Os resultados do estudo foram publicados no “The Journal of Urology”.
A equipa de investigadores também recorreu a modelos matemáticos para demonstrar que o uso do MPS2 teria evitado a desnecessidade de até 53% das biópsias. O que os “resultados mostram é “que o MPS2 é promissor como um teste caseiro”, disse Palapattu.
Para o investigador “o principal benefício é que o teste pode prever com precisão a probabilidade de desenvolver cancro da próstata agressivo, tranquilizando tanto o paciente quanto o médico.”
O MPS2 também pode ajudar os pacientes a economizar em custos de saúde, pois é significativamente mais barato que uma ressonância magnética.
Entretanto, os investigadores indicam que pretendem repetir o estudo e corroborar os resultados com uma população maior e diversificada de homens, e ainda esperam estudar o desempenho do teste em homens como uma triagem de vigilância para cancro da próstata de baixo risco.
“O MPS2 poderá potencialmente melhorar a saúde dos pacientes evitando o sobrediagnóstico e o sobretratamento e permitir o foco naqueles que têm maior probabilidade de ter cancros agressivos”, disse o investigador.
Atualmente o teste MPS2 já está disponível na Lynx Dx, uma empresa spin-off da Universidade de Michigan, EUA, que tem uma licença universitária exclusiva para comercializar o MPS2.