É conhecido que a gravidade das infeções por COVID-19 varia de paciente para paciente, desde uns que não chegam a ter qualquer tipo de sintoma até a outros pacientes que lutam pelas vidas em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI). Sobre estas diferenças ainda pouco se sabe.
“Devido à incerteza em torno das implicações deste vírus, sabíamos que era necessário um fator prognóstico que pudesse ajudar os médicos no hospital a gerir a COVID-19”, referiu Ahmad Farooq, autor correspondente do estudo, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas em Houston (UTHealth).
“Neste estudo, descobrimos evidências de uma relação entre linfocitopenia e gravidade da doença que realmente poderia ajudar os médicos a se prepararem para pacientes gravemente enfermos”, acrescentou o investigador.
A linfocitopenia ou linfopenia é a condição de ter níveis anormalmente baixos de glóbulos brancos, chamados linfócitos, que são componentes-chave do sistema imunológico.
Usando uma coorte de 57 pacientes de um hospital local de Houston, os investigadores analisaram dados básicos, clínicos e laboratoriais a partir de uma simples recolha de sangue e descobriram que os pacientes que foram admitidos numa UCI apresentaram sinais de linfocitopenia em comparação aos pacientes que não necessitaram de UCI.
“A linfocitopenia é conhecida por ser comum em muitas doenças virais, principalmente em outros coronavírus, incluindo o coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV) e o coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV)”, referiu Jason Wagner, principal autor do estudo, Universidade do Texas em Houston. “No entanto, poucos estudos determinaram se a linfocitopenia encontrada no momento da admissão no hospital é útil para entender o curso da doença”.
No momento do internamento hospitalar, os pacientes que terminaram na UCI apresentavam linfocitopenia em comparação com os que não precisavam de internamento na UCI, revelando que a contagem de linfócitos no sangue poderia ser um marcador preditivo na identificação de quem pode ser admitido na UCI e sofrer implicações graves.
Os investigadores também descobriram que pacientes com linfocitopenia eram mais propensos a desenvolver uma lesão renal aguda (LRA) durante o internamento. Ahmad Farooq indicou que as taxas de mortalidade são mais altas em pacientes que têm COVID-19 e LRA em comparação com os que não desenvolvem LRA.
Para Ahmad Farooq “a descoberta de uma associação com linfocitopenia merece mais investigação. No entanto, é já evidente que a linfocitopenia pode servir como um marcador prognóstico para o desenvolvimento de uma lesão renal aguda em pacientes com COVID-19 ”.
Um fator prognóstico precoce pode ser uma chave para determinar quem sofrerá maiores efeitos do COVID-19 e ajudar os médicos a se prepararem melhor para esses pacientes. Os resultados das descobertas foram já publicadas no International Journal of Laboratory Hematology.