O património Nacional acaba de ser enriquecido com a aquisição de novas peças para o Palácio Nacional da Ajuda (PNA). As quatro peças que pertenceram ao Rei D. Miguel levaram a um investimento da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) de 250.000,00 euros.
Entre as quatro peças está a Espada de ouro de D. Miguel, “uma obra de inquestionável singularidade, qualidade estética e artística, que em muito enriquecerá o Tesouro Real e a sua futura exposição na ala poente do Palácio da Ajuda”.
A proveniência das peças, o seu contexto histórico de suporte e a inquestionável qualidade artística, leva a esta aquisição contribua para a valorização das coleções do património nacional e, em particular, do acervo do Palácio Nacional da Ajuda.
As quatro peças agora adquiridas são:
■ Espada de aparato do Rei D. Miguel e respetivo talim
A espada foi oferecida a D. Miguel pela sua irmã, a infanta D. Maria Teresa de Bragança, Princesa da Beira, em 1829. D. Maria Teresa de Bragança, filha primogénita de D. João VI e D. Carlota Joaquina, partilhou com o irmão os ideais do absolutismo e foi também uma acérrima defensora da fação Carlista no país vizinho. Os motivos decorativos que compõem o punho em ouro cinzelado, numa clara alusão ao contexto histórico das lutas entre liberais e absolutistas, demonstram bem a forte convicção votada à causa e o desejo do seu triunfo.
A espada fez parte do lote de peças do espólio de D. Miguel, depositado no Banco de Portugal em 1834 e posteriormente reclamado pelos seus herdeiros num processo que se arrastou por cerca de cem anos. Só em 1943 viria a ser realizado um leilão privado entre os dois ramos de herdeiros sobre os bens depositados.
■ Insígnia da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, do rei D. Miguel.
Insígnia de Grã-Cruz, em ouro e esmalte, proveniente do espólio de D. Miguel, recebida em herança pela sua irmã, D. Ana de Jesus Maria de Bragança, que a transmitiu aos seus descendentes e herdeiros.
■ Conjunto de quatro talheres de prata do Real Tesouro, provenientes da herança da infanta D. Ana de Jesus Maria.
Apresentam gravadas as iniciais “RT” e as Armas do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1816-1826).
■ Retrato inédito da infanta D. Maria Francisca de Bragança (1800-1834), irmã de D. Miguel, assinado e datado “António Joaquim de Paula Desenhou. anno de 1828”.
Desenho a carvão sobre papel retratando D. Maria Francisca de Bragança, filha de D. João VI e de D. Carlota Joaquina de Bourbon, nascida no Palácio de Queluz. Infanta de Portugal e rainha de Espanha casou em 1816 com o infante D. Carlos Isidro de Bourbon, irmão do rei Fernando VII de Espanha e pretendente ao trono perante a ausência de descendentes varões por parte de seu irmão. Foi acérrima defensora da fação Carlista no país vizinho e grande apoiante de D. Miguel, seu irmão, na luta pela causa absolutista em território nacional. Residiu no Palácio da Ajuda entre 1828 e 1833. Não se conhece em Portugal outro retrato de D. Maria Francisca, o que faz desta obra um importante documento histórico.