Uma equipa de investigadores da Universidade do Minho, liderada por Olga Martinho, propõe uma nova terapia combinada capaz de controlar a progressão do cancro do colo do útero. Uma doença responsável por 8% das mortes associadas a doenças oncológicas, o cancro do colo do útero é o segundo tipo mais frequente entre as mulheres no mundo.
Os investigadores mostraram pela primeira vez que a presença excessiva da proteína HER2 em pacientes com cancro do colo do útero. Uma descoberta que pode abrir portas para tratamentos mais eficazes.
A HER2 desempenha um papel importante na regulação das células humanas, e equipas internacionais de investigadores indicaram que a proteína encontra-se alterada em casos de cancro da mama, constituindo um alvo terapêutico importante quando detetada em quantidades elevadas.
O estudo da UMinho, já publicado na revista ‘Theranostics‘ mostra que as alterações moleculares também se verificam no cancro do colo do útero. Olga Martinho, cientista do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da UMinho referiu: “O facto de terem esta proteína em comum é uma boa notícia, no sentido em que já existem fármacos desenhados para atuar contra ela.”
A equipa da UMinho demonstrou, através de testes in vitro e in vivo, que os medicamentos usados para inibir a proteína HER2 no cancro da mama também são “extremamente eficazes” na redução da agressividade do cancro do colo do útero.
Os investigadores anteciparam “um potencial mecanismo de resistência a esta terapia, propondo o uso combinado destes fármacos com bloqueadores do consumo de glucose. Esta combinação permitirá que a doença se mantenha estável, prolongando o tempo de vida das mulheres afetadas.”
Olga Martinho recordou que “o tratamento apenas surte efeito em doentes com alteração nesta proteína”, e “daí ser necessário realizar um rastreio antes de ser administrada para evitar que os restantes pacientes sofram desnecessariamente dos efeitos secundários associados à terapia.”
Os resultados obtidos poderão contribuir num futuro próximo para o aumento da taxa de sobrevivência destes doentes, à semelhança do que aconteceu com o cancro da mama. Além da UMinho, o estudo envolveu a Universidade Federal de Góias, a Universidade de São Paulo e o Hospital de Barretos. No dia 4 de fevereiro, domingo, assinala-se o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro.