Apesar de ser uma profissão com mais de 100 anos de história, a Terapia Ocupacional é ainda desconhecida pela maioria dos portugueses. Dados das Nações Unidas indicam que Portugal é já o segundo país mais envelhecido da União Europeia, o que aponta para a importância dos Terapeutas Ocupacionais como profissionais, em destaque nos próximos anos, lembra o grupo ORPEA, que se dedica ao cuidado de seniores e de dependentes.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2021, as pessoas com 65 e mais anos representavam 23,4% da população residente em Portugal, uma taxa que irá aumentar, pois as projeções do INE que subirá para 36,8% em 2080. Uma população mais envelhecida é resultado de avanços na medicina. No entanto, os anos de vida ganhos podem não ter a qualidade desejada.
A profissão de Terapeuta Ocupacional será cada vez mais importante para apoiar e acompanhar o aumento da população envelhecida. O Médico Coordenador das Residências ORPEA em Portugal, André Rodrigues, explicou o que é a terapia ocupacional e quais os seus benefícios e importância.
O que é um Terapeuta Ocupacional?
Inserido nos técnicos de diagnóstico e terapêutica, um Terapeuta Ocupacional é um profissional capaz de proceder à avaliação da condição do utente, interpretação dos sinais mais ou menos visíveis evidenciados pelo utente e acima de tudo, capaz de estabelecer objetivos de intervenção junto das populações com maiores necessidades interventivas por parte deste técnico, bem como no seu ambiente envolvente, social e familiar.
Qual é o seu papel?
Junto da população mais idosa, o Terapeuta Ocupacional está capacitado para se inventar e/ou reinventar face às metas estabelecidas, após cada avaliação, promovendo o desenvolvimento de competências motoras e cognitivas que estão inerentes à realização das mesmas. O desempenho ocupacional, será tanto melhor, quanto maiores e melhores forem também as competências e/ou a adaptação do ambiente físico e/ou social do utente, no seio familiar.
Tem um papel preponderante no acompanhamento do sénior na sua vivência diária, disponibilizando todo o apoio necessário para um envelhecimento ativo, com qualidade, respeitando capacidades e/ou incapacidades, crenças e mesmo a sua vontade.
Quais são os seus benefícios?
Este apoio, compreende todo um conjunto de estratégias, não só com vista a melhorar o desempenho nas AVD’s (atividades mais significativas, como o vestir/despir, o banho, cuidados de higiene básicos e alimentação), nas atividades que compreendem o contexto laboral (se for o caso), ou ainda nas atividades de lazer, avaliando o ambiente envolvente, adaptando ou mesmo projetando alterações necessárias a todo o seu desempenho, podendo existir necessidades de introduzir produtos de apoio específicos aquela realização e ou ensino de estratégias à família.
A intervenção do Terapeuta Ocupacional compreende a realização de exercícios desenhados, para melhoria das competências motoras (força, destreza, coordenação) e/ou cognitivas (memória, atenção, orientação, capacidade de resolução de problemas).
Mas como descreve André Rodrigues o papel do Terapeuta Ocupacional é ainda importante junto das equipas multidisciplinares, contribuindo sobre todos os aspetos que envolvem o utente e que carecem da intervenção de outras valências técnicas, com o objetivo máximo de dar ao idoso a oportunidade de ser mais autónomo, mais independente, mais consciente, mais orientado e assertivo, conduzindo a uma melhor qualidade de vida, seja numa residência sénior, seja no seu domicílio.