Portugal é, a par com a Itália, o país da União Europeia com maior percentagem de população idosa, que dados divulgados pela Pordata apontam para a existência quase dois seniores por cada jovem. Uma realidade que torna a Terapia Ocupacional, uma das profissões com mais de 100 anos de história, numa profissão com futuro.
Dados divulgados, este ano, pela Pordata indicam que a população idosa em Portugal tem crescido mais de dois por cento ao ano, desde 2019, havendo uma estimativa de haver atualmente 2,6 pessoas ativas por cada sénior, e em que o número de pessoas com 100 anos em Portugal deverá ultrapassar os 3.000.
Assinalando o Dia Mundial da Terapia Ocupacional, que se celebra a 27 de outubro, a Emeis, empresa especializada na área dos cuidados a seniores e pessoas dependentes e no setor da saúde mental, descreve que estamos a caminhar para uma percentagem de 36,8% com mais de 65 anos em 2080. No entanto, é esperado que o envelhecimento seja vivido de forma positiva, ativa e com qualidade e para isso terá de ser acompanhado pelos meios adequados.
A profissão de Terapeuta Ocupacional será cada vez mais importante para apoiar e acompanhar o aumento da população envelhecida. Mas o que é um Terapeuta Ocupacional?
O Terapeuta Luís Marques, Terapeuta Ocupacional na Residência Saúde Sénior, no Montijo, explica que a terapia ocupacional faz parte das competências dos técnicos de diagnóstico e terapêutica. Assim, um Terapeuta Ocupacional é um profissional capaz de proceder à avaliação da condição do utente, interpretação dos sinais mais ou menos visíveis evidenciados pelo utente e acima de tudo, capaz de estabelecer objetivos de intervenção junto das populações com maiores necessidades interventivas por parte deste técnico, bem como no seu ambiente envolvente, social e familiar.
O especialista descreve que o Terapeuta Ocupacional trabalha numa equipa multidisciplinar, onde tem um papel preponderante e moderador nas principais necessidades da população sénior, podendo em conjunto criar uma harmonia perfeita entre a intervenção individual de cada profissional e o objetivo final dessa mesma intervenção – sempre centrados nos principais interesses dos utentes e familiares ou cuidadores, promovendo maior autonomia, maior independência, maior consciência e orientação, maior assertividade, conduzindo a uma melhoria considerável na sua qualidade de vida, seja numa residência sénior, seja no seu domicílio.
O Terapeuta Ocupacional, junto da população mais idosa, está capacitado para se inventar e/ou reinventar face às metas estabelecidas, após cada avaliação, promovendo o desenvolvimento de competências motoras e cognitivas que estão inerentes à realização das mesmas. O desempenho ocupacional, será tanto melhor, quanto maiores e melhores forem também as competências e/ou a adaptação do ambiente físico e/ou social do utente, no seio familiar.
Mais ainda é descrito que o Terapeuta Ocupacional possui arte no seu manuseio diário de conhecimentos para adaptar ou readaptar vidas e formas de estar; ensinar técnicas para ultrapassar obstáculos; aconselhar produtos de apoio e dispositivos de compensação; aplicar testes ou baterias para estimulação cognitiva ou simplesmente estimular momentos de lazer. No final, todo um conjunto de verbos com um único propósito – a reabilitação funcional do indivíduo, por forma a melhorar a sua reabilitação física, psicológica, social ou ainda socio-economico-cultural, capacitando-o para o seu desempenho diário. Podemos assim definir na sua essência principal: Terapia Ocupacional = Re(h)abilitar.
Os benefícios da Terapia Ocupacional
O apoio aos séniores compreende todo um conjunto de estratégias, não só com vista a melhorar o desempenho nas atividades mais significativas, como o vestir/despir, o banho, cuidados de higiene básicos e alimentação, nas atividades que compreendem o contexto laboral (se for o caso), ou ainda nas atividades de lazer, avaliando o ambiente envolvente, adaptando ou mesmo projetando alterações necessárias a todo o seu desempenho, podendo existir necessidades de introduzir produtos de apoio específicos aquela realização e ou ensino de estratégias à família.
Com a evolução cada vez mais significativa dos equipamentos eletrónicos, o Terapeuta Ocupacional dispõe de ferramentas com os exercícios desenhados e orientados, para melhoria das competências cognitivas (memória, atenção, orientação, raciocínio e capacidade de resolução de problemas, através de Jogos Sénior), bem como para melhoria das competências motoras (força muscular, destreza e motricidade fina, coordenação óculo-manual, entre outras), ou ainda para estímulo da interação entre os demais utentes.
Mas o papel do Terapeuta Ocupacional é também importante junto das equipas multidisciplinares, contribuindo sobre todos os aspetos que envolvem o utente e que carecem da intervenção de outras valências técnicas, com o objetivo máximo de dar ao idoso a oportunidade de ser mais autónomo, mais independente, mais consciente, mais orientado e assertivo, conduzindo a uma melhor qualidade de vida, seja numa residência sénior, seja no seu domicílio.