Foliculite, furunculose, impetigo, celulite infeciosa, pneumonia necrosante, osteomielite, endocardite infeciosa, síndrome do choque tóxico e até intoxicação alimentar, e muitas outras infeções provocadas pela bactéria Staphylococcus aureus podem ser combatidas com recurso a terapia fotodinâmica, concluiu investigação da Universidade de Aveiro (UA).
As infeções causadas pela bactéria Staphylococcus aureus (S.aureus) eram tratadas facilmente, até há poucas décadas, com vulgares antibióticos. As infeções hospitalares e na comunidade causadas por bactérias S. aureus multiresistentes a antibióticos têm vindo a aumentar dramaticamente nos últimos 30 anos, e o número estirpes super-resistentes também têm aumentado, mesmo face aos antibióticos ditos de última geração. O tratamento apresenta-se “difícil, moroso e frequentemente ineficaz.”
Adelaide Almeida, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), do Departamento de Biologia da UA e coordenadora do estudo alerta: “Estas estirpes são uma ameaça grave para a saúde pública”.
Os resultados da investigação multidisciplinar de cientistas da UA aponta que é possível colocar um travão a esta bactéria com recurso a terapia fotodinâmica.
Estudo da UA conclui que Terapia fotodinâmica é eficaz
O género Staphylococcus contém pelo menos 49 espécies, várias são muito importantes clinicamente, para a indústria alimentar, para agricultura e economia, sendo a mais patogénica dessas espécies é S. aureus. Uma espécie que “está amplamente distribuída no ambiente e que pode residir na pele e nas mucosas dos seres humanos e animais” explicou Adelaide Almeida.
A cientista referiu que nos seres humanos, “as narinas são os principais nichos ecológicos de S. aureus – a transmissão ocorre principalmente através das mãos quando estas tocam superfícies contaminadas embora outros locais, como a pele, a área perineal, a faringe, o trato gastrointestinal, a vagina e as axilas também podem ser colonizadas, podendo também funcionar como focos de transmissão”.
A equipa de químicos e biólogos da UA constituída por Adelaide Almeida, Amparo Faustino, Maria da Graça Neves, Tatiana Branco, Cristina Dias, Nuno Moura, Cristina Dias, Vânia Jesus, Ana Peixoto e Nádia Valério, testou in vitro e na pele a terapia fotodinâmica, isoladamente ou combinada com antibióticos, para inativar esta bactéria.
“Os resultados mostraram que a terapia fotodinâmica, usada já vulgarmente para tratar, por exemplo, o acne, é uma abordagem eficaz para controlar a infeção por S. aureus na pele, inativando a bactéria eficazmente após três ciclos sucessivos de tratamento com luz e sem adição de antibióticos entre ciclos, ou após um ciclo usando a ação combinada da terapia com o antibiótico ampicilina”, indicou Adelaide Almeida.
É bem conhecido e está muito documentado que “o uso de grandes quantidades de antibióticos na prática clínica é indesejável devido ao aparecimento de estirpes resistentes a antibióticos”, mas “pouco esforço tem sido feito para usar a terapia fotodinâmica para potencializar a eficácia antibiótica ou, alternativamente, usar antibióticos para melhorar o efeito desta terapia”, referiu a coordenadora da investigação da UA.
A equipa de cientistas da UA avaliou com sucesso o efeito combinado em pele de suíno, que é considerada um bom modelo de teste, devido às semelhanças das suas propriedades histológicas, fisiológicas e imunológicas com a pele humana.