O sistema SwitHome baseado em palmilhas “inteligentes” com plataforma online de comunicação e um dispositivo tablet permite ao paciente realizar em casa a reabilitação física após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), com acompanhamento remoto de profissionais de saúde.
As palmilhas a instalar nos sapatos dos pacientes estão dotadas de sensores distribuídos por toda a sola. Estes sensores avaliam até 200 pontos de pressão do pé durante a realização dos exercícios prescritos e definidos pelo terapeuta. Os dados são enviados em tempo real ao paciente, mas também ao terapeuta, através de uma plataforma Web. Assim, o terapeuta pode acompanhar remotamente a evolução da reabilitação e proceder a ajustes dos exercícios se necessário.
A tecnologia SwitHome é o resultado do trabalho de uma colaboração entre o Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e o Instituto Pedro Nunes (IPN), de Coimbra. A solução vai começar a ser testada em dezembro em pacientes num hospital em Barcelona, Espanha, e num hospital em Groningen, na Holanda, indicou a Universidade de Coimbra (UC), em comunicado.
António Lindo da Cunha, coordenador do projeto SwitHome que atualmente está sedeado no Laboratório de Automática e Sistemas (LAS) do IPN, referiu, citado em comunicado da UC, que a solução permite a “reabilitação em casa de pacientes que tenham sofrido um AVC”.
“É uma tecnologia com grande impacto quer para os doentes quer para os sistemas de saúde”, dado que “permite que o paciente consiga realizar mais horas de reabilitação no conforto do seu lar, reduzindo gastos e acelerando o processo de recuperação. Por outro, os profissionais de saúde podem tratar um maior número de pessoas com os mesmos recursos humanos, personalizar terapias e obter maior eficácia na reabilitação.”
O AVC é uma das principais causas de morte em Portugal, e anualmente, em todo o mundo, 12 milhões de pessoas sobrevivem depois de sofrer um AVC, mas duas em cada três ficam com dificuldade em andar e com alto risco de queda.
A UC descreveu que “a ideia surgiu em 2015, no âmbito de um projeto de investigação na área da eletrónica flexível (Stretchable Electronics), liderado por Mahmoud Tavakoli, do ISR”, e o IPN explorou o potencial da aplicação “e avançou para a constituição de um consórcio que permitisse desenvolver um sistema capaz de chegar ao mercado.”
O projeto passou a envolver o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia – EIT Health, “que atribuiu um financiamento de cerca de 500 mil euros”, a Fundació Privada per la Recerca i la Docència Sant Joan de Déu, de Espanha, a empresa GMV Innovating Solutions, de Espanha, o Hospital Universitário de Groningen, na Holanda e duas Startups portuguesas: a Sword Health e a SoftBionics.
O consórcio pretende que a tecnologia passe a estar disponível no mercado em 2020 e também tem como objetivo alargar a aplicação a outras patologias, como o pé diabético.
Para António Lindo da Cunha a tecnologia ao ser “personalizada e participativa, estamos perante uma tecnologia que une o paciente ao profissional de saúde, apostando no conceito ‘hospital em casa’.”
O consórcio estima “que esta tecnologia implique uma redução de custos de até 35%, com impacto direto nos gastos dos sistemas de saúde e na economia das famílias”, indicou o coordenador do projeto.