Arranca no Malawi a primeira administração de vacinação contra o poliovírus selvagem tipo 1. Trata-se de uma das quatro campanhas que vão administrar mais de 80 milhões de doses a mais de 23 milhões de crianças menores de 5 anos em cinco países da África Austral.
Esta é uma ação depois do Malawi ter declarado um surto em 17 de fevereiro. Trata-se do primeiro caso desse tipo no país em 30 anos e o primeiro na África desde que a região foi certificada como livre de poliovírus selvagem em 2020.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) esclareceu que a primeira fase das campanhas vai abranger 9,4 milhões de crianças no Malawi, Moçambique, Tanzânia e Zâmbia, e as três campanhas seguintes agendadas para abril, junho e julho também incluem o Zimbábue. Estas campanhas devem atingir mais de 23 milhões de crianças e administrar mais de 80 milhões de doses da vacina oral bivalente contra a poliomielite. Uma vacina recomendada OMS para combater o poliovírus selvagem tipo 1.
As vacinações em massa, ou vacinações suplementares, têm o objetivo de interromper a circulação do poliovírus, imunizando todas as crianças menores de 5 anos com a vacina oral contra a poliomielite, independentemente do estado de imunização anterior. As campanhas pretendem alcançar crianças não imunizadas ou parcialmente protegidas e aumentar a imunidade das vacinadas. A imunização suplementar destina-se a complementar – não a substituir – a imunização de rotina.
“A poliomielite é uma doença altamente infeciosa e intratável que pode resultar em paralisia permanente. Em apoio ao Malawi e aos seus vizinhos, estamos a agir rapidamente para travar este surto e extinguir a ameaça através de vacinações eficazes”, disse Matshidiso Moeti, Director Regional da OMS para África.
“A região africana já derrotou o poliovírus selvagem devido a um esforço monumental dos países. Temos o know-how e estamos trabalhando incansavelmente para garantir que todas as crianças vivam e prosperem em um continente livre da pólio”, acrescentou o responsável da OMS.
A região africana foi declarada e certificada como livre de pólio selvagem em agosto de 2020, após eliminar todas as formas de poliovírus selvagem. A certificação da região como livre da pólio selvagem permanece inalterada. A análise laboratorial ligou a estirpe detetada no Malawi à que circulava na província de Sindh, no Paquistão, em 2019.
A OMS indicou que tem vindo a apoiar o país para reforçar as medidas de resposta, incluindo vigilância de doenças, avaliação de risco e preparativos para as campanhas de vacinação. Uma equipa de emergência da OMS, no âmbito da Iniciativa Global de Erradicação da Pólio, está a trabalhar com os serviços de cuidados de saúde dos países e com diversas organizações e os governos para acabar com o surto.
Por sua vez o Malawi estabeleceu vigilância ambiental para poliovírus em 11 locais em quatro cidades. Os locais estão no distrito de Lilongwe, que engloba a capital Lilongwe, onde o caso inicial, e até agora, único, foi detetado. Os outros locais estão nas cidades de Blantyre, Mzuzu e Zomba. As equipas estão a recolher amostras e a envia-las para análise em laboratórios, enquanto a vigilância ativa também está em andamento nas unidades de saúde e nas comunidades.
A poliomielite é uma doença viral sem cura. Invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em poucas horas, principalmente em crianças menores de 5 anos. O vírus é transmitido de pessoa para pessoa principalmente por contaminação por matéria fecal ou, menos frequentemente, por água ou alimentos contaminados, e multiplica-se no intestino. Embora não haja cura para a poliomielite, a doença pode ser prevenida através da administração de uma vacina segura, simples e eficaz.