As pessoas idosas são frequentemente encorajadas a tomar suplementos de vitamina D para manter ossos, dentes e músculos saudáveis, mas um estudo liderado pela Universidade de Newcastle, e já publicado no American Journal of Clinical Nutrition, concluiu, tal como outros estudos anteriores, que os idosos não são beneficiados por tomarem estes suplementos de vitamina D.
No estudo, onde participaram perto de 400 pessoas, com idades iguais ou superiores a 70 anos, os participantes tomaram, de forma aleatória, uma de três doses de vitamina D, uma vez por mês durante um ano. As doses compreenderam: 300 μg; 600 μg, e 1200 μg (equivalente a uma dose diária de 10 μg, 20 μg ou 40 μg, respetivamente).
A investigação, financiada pela Versus Arthritis, permitiu medir nos participantes o efeito do suplemento de vitamina D sobre eventual mudança na Densidade Mineral Óssea (DMO), um indicador reconhecido de força óssea e modificadores em marcadores do metabolismo ósseo.
Os resultados revelaram que não houve alteração na DMO ao longo de 12 meses entre os participantes que tomaram qualquer uma das três doses. No entanto, o estudo mostrou que doses equivalentes a 40 μg por dia são seguras numa população mais idosa e que houve um efeito benéfico no metabolismo ósseo até à dose mais alta.
Terry Aspray, investigador sénior do Instituto de Medicina Celular da Universidade de Newcastle, Reino Unido, líder do estudo, explicou: “A deficiência de vitamina D é comum em pessoas mais idosas, e pode levar à perda óssea, comprometimento da função muscular e aumento do risco de quedas e fraturas”, e acrescentou: “Embora as nossas descobertas não suportem evidências do benefício de suplementos com altas doses de vitamina D, pelo menos na densidade mineral óssea, identificamos, entretanto, que doses mais altas da vitamina podem ter efeitos benéficos no metabolismo ósseo e que são seguras para pessoas mais idosas.”
Na Universidade de Newcastle está agora em curso uma nova investigação sobre os efeitos da exposição ao sol nos níveis de vitamina D em idosos e o impacto dos suplementos de vitamina D na força muscular.
Neste novo estudo os investigadores estão a analisar o impacto dos genes e da função renal nos níveis de vitamina D e sua função no sangue.
Para Benjamin Ellis, consultor sénior da Versus Arthritis, “as pessoas idosas correm maior risco de quedas e fraturas, que são debilitantes e corroem a autoconfiança das pessoas, privando-as de sua independência”, sendo que “a vitamina D ajuda a construir e manter ossos e músculos fortes. As pessoas com deficiência de vitamina D têm maior risco de quedas e fraturas.”
“Nos meses de verão, a vitamina D é produzida pelo corpo quando a luz solar cai sobre a pele. Também podemos obter vitamina D de certos alimentos, ou suplementos dietéticos”, explicou o especialista.
Benjamin Ellis esclareceu que, no entanto, “durante o primeiro ano do estudo, a toma de doses mais altas de vitamina D não melhoraram as medidas de força óssea nem reduziram as quedas entre os idosos”, pelo que “é necessário trabalhar para implementar estratégias eficazes para prevenir quedas e fraturas entre pessoas mais velhas, e para entender o papel dos medicamentos e suplementos dietéticos nisso.”
“A orientação atual ainda é que as pessoas em risco de baixa vitamina D devem considerar tomar um suplemento diário de vitamina D, assim como durante todos os meses de inverno”.
Entretanto Terry Aspray sugeriu que “as pessoas mais idosas devem concentrar-se em manter uma dieta saudável e balanceada, uma exposição ao sol adequada e fazer exercícios regularmente para manter os ossos o mais fortes possível.”
O especialista indicou ainda que alguns idosos podem ter necessidade de tomar suplementos de vitamina D, mas que doses superiores a 10 μg por dia trazem pouco benefício.