O Consórcio “Shikifactory100” que envolve 11 parceiros de sete países, entre os quais, a Universidade do Minho (UMinho), é apoiado pelo programa Horizonte 2020, da Comissão Europeia, com 8 milhões de euros. O Consórcio pretende criar vias biológicas para mais de cem compostos.
O projeto do “Shikifactory100” é coordenado pela startup SilicoLife, uma jovem empresa que teve origem na UMinho, e que nos próximos quatro anos vai trabalhar para alavancar a competitividade da biologia sintética da União Europeia.
A UMinho indicou que “a indústria está a substituir cada vez mais os ingredientes artificiais por ingredientes de fontes biológicas, para aumentar a satisfação do consumidor e a inovação nos sabores e nas fragrâncias. Por outro lado, muitos dos recursos naturais são limitados e dependem do clima, o que faz subir os preços.”
O consórcio “Shikifactory100” quer encontrar novas formas sustentáveis de produzir ingredientes que até aqui só se obtêm por extração de plantas ou por processos petroquímicos”. Os investigadores partem do uso de microrganismos, e da ligação a biologia com métodos computacionais.
O projeto centra-se “no chiquimato, um ácido central no metabolismo, a partir do qual se pretende chegar a mais de cem compostos de alto valor e com aplicações tão diversas, como aromas, medicamentos e químicos de interesse industrial. Pretende-se ainda obter novas vias biológicas para produzir adoçantes artificiais, evitando os atuais processos químicos.”
“Fábricas” de células microbianas
Simão Soares, diretor-geral da SilicoLife, referiu: “A integração das tecnologias de ponta no ‘Shikifactory100’ são inéditas na Europa e vão contribuir para que União Europeia lidere nas áreas da biologia sintética e da bioeconomia”.
“O consórcio vai construir uma plataforma de ‘fábricas’ de células microbianas, com estirpes personalizadas e genomas otimizados, para uma produção eficiente, económica e sustentável, combinando novos métodos computacionais com desenvolvimentos in vitro e in vivo”, referiu a gestora científica do projeto, Isabel Rocha, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa e também se encontra ligada ao Centro de Engenharia Biológica da UMinho.
Para além da SilicoLife que lidera o projeto, participam no consórcio as universidades do Minho, Nova de Lisboa, Técnica da Dinamarca e de Manchester, no Reino Unido, a Escola Politécnica Federal de Lausanne, da Suíça, o Laboratório Europeu de Biologia Molecular, da Alemanha, a consultora NNFCC do Reino Unido e as empresas DSM , da Holanda, c-LEcta, da Alemanha e GalChimia de Espanha.
A SilicoLife
A empresa SilicoLife nasceu em 2010 por recém-graduados em Bioinformática e professores de Informática e Engenharia Biológica da UMinho. Recebeu o “Prémio Atreve-te” como startup do ano 2011, patrocinado pela Presidência da República, e teve distinções na revista “Wired” do Reino Unido e no Fórum Biochem, na Espanha.
O Fórum Económico Mundial colocou a SilicoLife, em 2015, entre seis PME cujas parcerias com multinacionais poderão marcar o desenvolvimento da Europa. Em 2016 foi eleita a 15ª empresa mais promissora do mundo na bioeconomia, pela publicação “BiofuelsDigest”, uma das mais lidas na área.
A startup SilicoLife de biotecnologia tem sede em Braga e trabalha apenas para mercados externos. Participa em vários projetos científicos e apoia a I&D de empresas multinacionais nos campos da química, da agricultura e dos materiais.