Uma equipa de investigação do Instituto AgResearch e do Better Border Biosecurity (B3), ambos da Nova Zelandia, investigou o risco biológico representado pela terra que viaja nas superfícies externas de contentores e máquinas no transporte marítimo, em portos marítimos na Nova Zelândia. Os resultados já se encontram publicados na revista “NeoBiota”.
Os investigadores encontraram terra na maioria dos tipos de transporte marítimo, independentemente da origem, com todos as terras suscetíveis de serem vetores de micróbios, incluindo patógenos de plantas.
Os dados indicam que a quantidade de terra recuperada de um único contentor marítimo foi de 5,3 kg, enquanto o peso médio global da amostra recolhida por frete marítimo foi de 417g. A maior parte da terra foi encontrada na parte inferior do frete marítimo.
“Embora a presença de terra talvez não seja surpreendente, a presença de bactérias vivas, fungos, vermes, sementes e insetos associados ao solo era mais preocupante. Vários organismos regulamentados de biossegurança foram recuperados das amostras, incluindo vermes parasitas de plantas, sementes, insetos e aranhas que não foram registados como presentes na Nova Zelândia”, disse Mark McNeill da AgResearch, líder do estudo.
“A propagação de espécies exóticas através destas redes não só representa custos ambientais, económicos e sociais significativos para os ambientes naturais e agrícolas, caso se estabeleçam espécies exóticas invasoras, como também a perda de biodiversidade é uma consequência esperada do estabelecimento de espécies exóticas invasoras. Para as ilhas, as implicações podem ser significativas, uma vez que apresentam elevados níveis de endemismo e o estabelecimento de espécies exóticas invasoras pode levar à extinção de espécies, bem como ao declínio da biodiversidade”, indicam os investigadores na NeoBiota.
Em comparação com um estudo anterior sobre calçado contaminado transportado na bagagem por passageiros de companhias aéreas internacionais, o número e a diversidade da terra no transporte marítimo foi menor do que a terra transportada em ambientes mais protegidos (por exemplo, calçado na bagagem). Isto mostrou que o risco de biossegurança pode variar de acordo com o sistema de transporte.
Os investigadores consideram não ser correto priorizar um caminho da terra em detrimento de outro de acordo com os riscos que apresentam, e alocar recursos de forma diferenciada, porque o risco relativo é dinâmico, e é ditado por fatores como novas pragas ou doenças que entram nos respetivos percursos.
No entanto, os investigadores sugerem que o transporte marítimo contaminado é uma importante via de introdução de espécies exóticas. O estabelecimento dessas espécies pode ser evitado através da limpeza dos contentores antes da partida, da inspeção na fronteira e de uma limpeza adicional quando for considerada necessária.