As tecnologias e a Indústria 4.0 só terão sucesso se as empresas conseguirem obter reais benefícios, defendeu Mário Maciel Caldeira, associate partner da Deloitte Inovação e keynote speaker, no Simposium “Aveiro 4.0 | O futuro da Tecnologia, Indústria 4.0, Marketing Digital e Inovação”, dia 11 de julho.
A iniciativa da AIDA CCI – Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro – decorre no Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis, e reúne cerca de duas centenas de líderes, gestores, empresários e profissionais de empresas e organizações nacionais e regionais. Estes participantes debatem temas relacionados com a “Tecnologia e competitividade regional”, a “Indústria 4.0 e tecnologias do futuro”, a “Transformação Digital e o futuro do marketing” e a “Inovação ao serviço das empresas”.
Fernando Paiva de Castro, presidente da AIDA CCI, realçou a inevitabilidade da modernização através da transformação digital, enquanto para Mário Maciel Caldeira considera que o facto de existirem tecnologias a chamámos tecnologias do futuro, não significa que tire o melhor partido dessas tecnologias, pois a evolução das empresas em Portugal está ainda nos 3.7 ou 3.8, havendo um caminho a percorrer para se chegar ao 4.0 ou 4.1, onde se destacam sobretudo a Internet of Things, o Big Data e a Artificial Intelligence.
Para as empresas o mais importante são os benefícios que as tecnologias trazem, porque as tecnologias já existem de facto, podemos é não estar a explorá-las da melhor forma, indicou o especialista, que defendeu: “O sucesso das tecnologias está associado à forma como as empresas conseguem tirar melhor partido dessas tecnologias para seu benefício, porque é isso que as empresas querem: benefícios”.
Miguel Figueiredo, territory manager da CISCO Portugal, referiu que a adaptação da CISCO ao 4.0 fez-se essencialmente ao nível dos serviços disponibilizados aos clientes, com a otimização de processos e a utilização da informação que traz benefícios efetivos às empresas, essencialmente nos setores ligados à indústria.
António Ferreira, sales director da Prirev esclareceu que houve um crescimento exponencialmente nos últimos anos com a aposta no revestimento PVD – Physical Vapour Deposition, que hoje tem utilizações muito diversas graças à sua grande resistência e durabilidade. É uma empresa indissociável da modernização, inovação e tecnologia, que aposta na criação de valor associada ao seu produto-base.
João Ribau, head of unit – Intelligent & Digital Systems do ISQ indicou que o ISQ baseia toda a sua atividade na inovação e tecnologia, no desenvolvimento de projetos próprios e em parceria, em diversos setores e para vários tipos de clientes. A SDT adaptou-se às exigências do mercado para poder dar-lhe resposta, foi esta a premissa do caminho para o 4.0.
Pedro Cilínio, diretor de Investimento para a Inovação e Competitividade do IAPMEI, abordou o tema “Tecnologia, Clusters e Competitividade Regional”, e referiu que Portugal tem uma das mais baixas taxas de investimento da União Europeia, que tem uma insuficiência nas ligações ferroviárias e marítimas, o que dificulta o acesso das empresas ao mercado único. O especialista acrescentou que o investimento em I&D recuperou recentemente, mas que ainda é insuficiente, e que os trabalhadores continuam a ter baixas qualificações.
Pedro Cilínio referiu ainda que a muitos caminhos passam necessariamente pela Indústria 4.0 para inovação de produto, processo, organizacional e de marketing, pela Economia Circular e pela Colaboração em Rede, que promovem uma cadeia de valor agregada para as empresas, e que resultam nos clusters – as economias de agregação. Os clusters permitem às empresas crescer em escala sem depender do seu crescimento orgânico, mas crescendo em rede. “A colaboração será a palavra de ordem do futuro”, concluiu o diretor do IAPMEI.
Para Luís Mira Amaral, não é suficiente falar de tecnologia sem falar na qualificação dos recursos humanos, o principal entrave ao crescimento das empresas, e destacou a ligação das instituições de ensino superior dos centros de conhecimento às empresas, porque só assim se coloca a investigação ao serviço da inovação, e como exemplos referiu um estudo recente da CIP que envolveu o Politécnico de Leiria, Politécnico do Porto, Universidade de Aveiro e Universidade do Minho.
Por sua vez Eduardo Anselmo Castro, vice-reitor da Universidade de Aveiro, defendeu que, mais do que investigação básica, é necessário promover a investigação aplicada que chegue às empresas. A qualificação dos recursos humanos deve permitir antecipar e preparar o futuro, pensar onde queremos estar daqui a alguns anos, e a qualificação deve ser feita ao longo da vida, e em diferentes níveis. Se nos tentamos adaptar no momento, não estamos a ser estratégicos, estamos a ser apenas imitadores, e não nos estamos realmente a preparar para o futuro.
João Rocha, administrador da PRIO, mostrou como a empresa tem feito a sua evolução, através da inovação, da colaboração, até de parcerias, e com forte aposta nas tecnologias. A ligação à Universidade de Aveiro, de onde é “natural” a PRIO, foi fundamental neste aspeto, já que tem permitido à empresa usar a investigação para a inovação nos produtos e nos serviços.
As políticas inteligentes para as regiões são fundamentais, na opinião de todos os oradores do painel, que consideram fundamental que o governo, as regiões, as autarquias apostem seriamente em políticas que chamem as pessoas para as cidades e municípios que têm menos fatores de atratividade, quer ao nível económico e fiscal, para a fixação de empresas, quer ao nível da formação ou das condições de habitação e disponibilização de serviços, que ajudarão, em muito, a fixação de pessoas.
O Simposium Aveiro 4.0 é realizado no âmbito do PME Qualify, um projeto apoiado pelo COMPETE 2020 que tem o objetivo de fomentar a valorização e transferência de conhecimento e tecnologia e a qualificação dos recursos humanos, através de um conjunto de iniciativas que contribuem para o reforço da capacitação empresarial das pequenas e médias empresas.
O PME Qualify teve início a 1 de janeiro de 2018 e termina a 31 de dezembro de 2019. É cofinanciado pelo COMPETE 2020, Portugal 2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). O projeto é financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização, no montante de 626.208,74 euros, dos quais 532.277,43 euros são provenientes do FEDER.