A imprensa lusófona divulgou recentemente que o Consulado Geral de Portugal em São Paulo, maior cidade do Brasil, do continente americano e do mundo de língua portuguesa, foi ao longo dos últimos dois anos um espaço proficiente na atribuição da nacionalidade portuguesa.
Nas palavras do Cônsul-geral de Portugal em São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paulo Lourenço, que se encontra de despedida do posto, “este consulado tem sido o grande berçário de portugueses no mundo.” A afirmação concludente do diplomata é sustentada na realidade dos números que indicam que o posto paulista foi o serviço consular que mais atribuiu cidadanias portuguesas no mundo, cerca de 50 mil desde 2016.
Este aumento da procura de pedidos de nacionalidade portuguesa no Consulado Geral de Portugal em São Paulo, em linha com o número cada vez maior de descendentes de portugueses a querer obter a dupla nacionalidade, está intrinsecamente ligado à situação de instabilidade política, económica e social que atravessa o Brasil. Como advertia no início deste ano Ricardo Amaral, presidente da Associação Brasileira de Portugal, “Hoje quem tem algum dinheiro só quer sair do Brasil, pois quando sai de casa de manhã não sabe se volta à tarde”.
Esta procura da nacionalidade portuguesa em terras de Vera Cruz, facilitada pela língua comum, a proximidade entre culturas e a aprovação em 2017 da lei que atribui dupla nacionalidade a cidadãos descendentes em segundo grau de nacionalidade portuguesa, é paralela ao aumento de imigrantes brasileiros no território nacional, tanto que a nacionalidade brasileira mantém-se como a maior comunidade estrangeira residente em Portugal, com mais de 80 mil residentes.
A redescoberta de Portugal por parte dos nossos irmãos brasileiros, malgrado o contexto de profunda crise em que vive atualmente imerso o Brasil, não pode deixar de constituir uma oportunidade importante para a Pátria de Camões, uma das nações mais envelhecidas da União Europeia e do Mundo, começar a inverter o declínio populacional que se tem observado nas últimas décadas, assim como um ensejo relevante para o equilíbrio da balança migratória, e um catalisador fulcral no campo do desenvolvimento social, económico e cultural.
Autor: Daniel Bastos, Escritor e Historiador