As ruas estreitas do bairro histórico de Alfama receberam, ontem, 13 de junho, como é tradição, a visita da imagem de Santo António acompanhada em procissão por milhares de pessoas. É conhecido que os lisboetas têm uma especial veneração por Santo António, mas o Santo é venerado também por todo o mundo.
Santo António nasceu em Lisboa e veio a morrer em Pádua, em Itália, sendo em Portugal conhecido por Santo António de Lisboa, e noutras partes do mundo por Santo António de Pádua. No final da procissão junto à porta da Sé de Lisboa, D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, lembrou que em qualquer parte do mundo encontramos “uma imagem, uma capela ou um oratório dedicado a Santo António de Lisboa”, mas “ficamos chateados” por dizerem Santo António de Pádua, “mas nós temos de fazer por isso, todos nós, a cidade. Temos de ter orgulho de testemunhar que o António é nosso, não é só que a taça é nossa, é que o António é nosso.”
De facto os portugueses sempre tiveram uma grande proximidade ao franciscano, Santo, uma relação pessoal e muito “terrena” que se manifesta nas mais variadas ações e pedidos formulados ao santo. O testemunho que o santo deixou trespassou séculos de gerações e que D. Américo Aguiar também lembrou, referindo: “Não temos de ter tudo para nós, à custa de menos para os outros. Deus providencia e providenciou tudo para todos”, mas “o problema é que alguns acham que é tudo para eles e mais nada para os outros”. Por isso, “o nosso papel é sermos capazes de cativar no coração de todos para termos consciência disso mesmo.”
Também frei Francisco Sales, reitor da Igreja de Santo António, em Lisboa, referiu que foi comovente ver tantos milhares de pessoas na procissão, mas lembrou que o edifício da Igreja de Santo António pertence à Camara de Municipal de Lisboa, e que procedeu, em tempo, a obras, e que o edifício está bonito, mas que é necessário pensar no interior da igreja para o poder adaptar às exigências do número de pessoas que irão visitar a igreja em 2022, pela altura das jornadas mundiais da juventude marcadas para Lisboa, e onde irá estar o Papa.
Frei Francisco Sales referiu que a Igreja de Santo António é muito visitada, mas que se deve diferenciar os visitantes: os turistas que têm aumentado e os fiéis, os devotos, que na maioria são pessoas de mais idade e que têm dificuldade em descolar-se, pois os autocarros já não vêm tão perto, tendo a rua junto à igreja sido invadida pelos tuk tuks, que considerou uma praga, que não fazem parte da cultura de Lisboa.