Quer contribuir para o meio ambiente? Reduza o consumo de doces, salgados, fritos e carnes processadas. Esta é a conclusão de um novo estudo desenvolvido pela University of South Australia e publicado este mês, que mostra que se forem reduzidos esses alimentos na nossa dieta, não só será melhor para nossa saúde, mas também para o planeta.
As famílias na Austrália e na Nova Zelândia comem mais alimentos sem qualidade do que o recomendado pelas diretrizes dietéticas, e desta forma contribuem para as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) relacionadas aos alimentos e para outros impactos ambientais.
A nutricionista Sara Forbes, da University of South Australia (UniSA), que liderou a análise de revisão examinando 20 estudos sobre os impactos ambientais do consumo de alimentos nos dois países, afirmou que as descobertas destacam a necessidade de escolhas alimentares mais sustentáveis.
Um relatório do Governo Federal da Austrália, divulgado em 2020, indica que o país emitiu cerca de 510 toneladas métricas de dióxido de carbono, e que as emissões relacionadas a alimentos respondeu por 14,2% desse total. O relatório refere que o australiano médio produz o equivalente a 19,7 kg de dióxido de carbono por dia, através das suas dietas.
Outro relatório de 2017 descreve que o desperdício de alimentos compreende aproximadamente 6% do GEE da Austrália, considerando a água, energia e pesticidas usados na produção e as embalagens de alimentos que acabam em aterros sanitários, onde aumenta ainda mais o metano à medida que se decompõem.
Ao contrário da Nova Zelândia as atuais Diretrizes Dietéticas Australianas não consideram os impactos ambientais dos alimentos e precisam ser atualizadas, referiram os investigadores do estudo.
Estima-se que esses alimentos essenciais contribuam com 67 a 73% do total de GEE relacionados a alimentos na Austrália, com carne, grãos e laticínios a contribuir com a maior parte das emissões. Frutas e vegetais são dois dos produtos alimentares que menos contribuem.
Os alimentos não essenciais incluem bebidas açucaradas, álcool, confeitaria e carnes processadas, representam entre 27 a 33% dos GEE relacionados com alimentos. Embora a percentagem seja menor do que as emissões dos alimentos básicos, o facto de os australianos consumirem grandes quantidades de alimentos ricos em energia e pobres em nutrientes (evitáveis) não estão a ajudar o meio ambiente.
Na Nova Zelândia, os maiores emissores de gases de efeito estufa são as carnes, peixe e ovos, que representam 35%, seguidos por alimentos altamente processados, como doces e gelados a representar 34%.
Outros estudos examinaram os impactos ambientais do uso da água na produção de alimentos e mostraram que o sistema de rega australiano absorve oito milhões de megalitros de água por ano para o cultivo, mas a maioria dos produtos é exportada, o que torna difícil refletir com precisão a pegada hídrica do país.
Os investigadores avaliaram 20 estudos, publicados na última década, com resultados variados. Apesar das diferenças, as tendências são claras. “Os alimentos discricionários têm maior área de cultivo, escassez de água e pegada ecológica. A carne também emite gases de efeito estufa, embora sua pegada de escassez de água seja menor em comparação com produtos lácteos, cereais, grãos, frutas e vegetais ”, referiu Sara Forbes.
“Está na hora de reconhecermos melhor os impactos ambientais do tipo e da quantidade de alimentos que ingerimos, considerando o planeta e também a nossa saúde” referiu a investigadora e acrescentou: “Em 2050, a população mundial deverá chegar a 10 bilhões de pessoas. Não é possível alimentar essa quantidade de pessoas, a menos que mudemos a maneira como comemos e produzimos alimentos.”
Em todo o mundo, o consumo e a produção de alimentos são responsáveis por um quarto do total das emissões globais. Metade das terras habitáveis do mundo é usada para a agricultura, o que levou a uma perda de 60% da biodiversidade. Além disso, estima-se que dois terços da água doce do mundo sejam usados para irrigação.