As reações às vacinas contra a COVID-19, em geral, são raras, com a ocorrência de anafilaxia a ser estimada em 1,31 por um milhão de doses administradas. Após a autorização de uso da vacina contra a COVID-19 das baseadas em mRNA, da Pfizer-BioNTech e da Moderna, as taxas de anafilaxia até 29 de janeiro de 2021, relatadas aos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), EUA, é de cinco por milhão com a vacina da Pfizer-BioNTech e de 2,5 por milhão com a vacina da Moderna. A taxa de anafilaxia com a vacina da Johnson & Johnson ainda não foi relatada.
Com base nas informações de monitorização da vacinação e dos dados dos CDC e da Food and Drug Administration (FDA) a COVID-19 Vaccine Task Force do American College of Allergy, Asthma and Immunology recomenda as seguintes orientações relacionadas ao risco de uma reação alérgica durante a vacinação:
1.Qualquer pessoa que receba a vacina deve ser rastreada para determinar o possível risco de uma reação alérgica às vacinas para a COVID-19 de mRNA (Moderna e Pfizer) e vetor de adenovírus (Johnson & Johnson). O pessoa a vacinar deve ser questionada se tem histórico de reação alérgica grave a alguma vacina anterior. Se a resposta for sim, então deve ser encaminhada pata um alergista / imunologista para uma avaliação adicional antes da toma da vacina com COVID-19.
2.De acordo com o CDC, se a pessoa teve uma imediata reação alérgica grave ou de qualquer gravidade dentro de 4 horas após receber a primeira injeção da dose da vacina COVID-19, não deve ser aplicada a segunda dose. Além disso, os pacientes que apresentarem uma reação alérgica grave ou de qualquer gravidade (urticária, inchaço, sibilos) ou no caso de dúvidas relacionadas ao risco de uma reação alérgica a pessoa deve ser encaminhada para um alergista / imunologista para fornecer mais cuidados ou conselhos.
3.As vacinas COVID-19 devem ser administradas num ambiente de saúde onde a anafilaxia possa ser tratada. Todos os indivíduos devem ser observados por pelo menos 15 a 30 minutos após a injeção para monitorar qualquer reação adversa. Todas as reações anafiláticas devem ser tratadas imediatamente com epinefrina como tratamento de primeira linha. A maioria das reações anafiláticas ocorreu em 15 minutos.
4.As vacinas COVID-19 de mRNA e vetor de adenovírus não devem ser administradas a indivíduos com histórico conhecido de reação alérgica grave a qualquer componente de uma vacina específica. Embora o componente específico da vacina que causa a anafilaxia não tenha sido identificado, o polietilenoglicol (PEG) é um dos ingredientes das vacinas de mRNA e é conhecido por causar anafilaxia. O polissorbato 80 é um ingrediente da vacina Johnson & Johnson que pode causar anafilaxia e pode apresentar reação cruzada com o PEG.
Pacientes com reações alérgicas ao polietilenoglicol não devem ser imunizados com as vacinas COVID-19 de mRNA. Pode-se considerar a vacinação com a vacina COVID-19 de vetor de adenovírus. O CDC recomenda que a vacina de vetor de adenovírus pode ser uma opção em vez de uma segunda dose de uma vacina de mRNA para pacientes que tiveram uma reação adversa ao produto de mRNA. Pessoas que receberam uma dose da vacina COVID-19 de mRNA, mas para as quais a segunda dose é contraindicada, devem esperar pelo menos 28 dias após a dose da vacina de mRNA para receber a vacina de vetor de adenovírus. Estes pacientes devem receber a vacina num ambiente capaz de tratar a anafilaxia e observada no mínimo 30 minutos após a injeção.
Em pacientes com contraindicação para a vacina COVID-19 de vetor de adenovírus (incluindo devido a uma conhecida alergia a polissorbato), deve-se considerar a administração da vacina COVID-19 de mRNA.
De acordo com as orientações do CDC, a alergia ao polissorbato não é uma contraindicação para a vacinação de mRNA, mas é uma precaução. No entanto, devido à potencial hipersensibilidade de reatividade cruzada entre os ingredientes das vacinas de mRNA e vetor de adenovírus COVID-19, a consulta a um imunologista alergista deve ser considerada para ajudar a determinar se o paciente pode receber a vacina com segurança. Se a vacina de mRNA for dada num paciente com alergia ao polissorbato, ela deve ser feita num ambiente capaz de tratar a anafilaxia e o paciente ser observado no mínimo 30 minutos após a injeção.
5.Os dados sobre o risco em indivíduos com história de reações alérgicas relacionadas à síndrome de ativação de mastócitos / anafilaxia idiopática são muito limitados e estão em evolução. A decisão de receber vacinas COVID-19 deve ser tomada pela pessoa em conjunto com o médico ou outro provedor que administra a vacina, com base num julgamento profissional, em que sejam equilibrados os benefícios e riscos associados à administração da vacina.
6.Pessoas com alergias comuns a medicamentos, alimentos, inalantes, insetos e látex provavelmente não têm mais probabilidade do que o público em geral de ter uma reação alérgica às vacinas COVID-19 de mRNA. Esses pacientes devem ser informados sobre os benefícios da vacina versus os seus riscos.
7.As vacinas COVID-19 de mRNA e vetor de adenovírus não são vacinas vivas e podem ser administradas a pacientes imunocomprometidos. Os médicos e outros provedores devem informar os pacientes imunocomprometidos sobre a possibilidade de uma resposta imunológica diminuída às vacinas.
8.Raramente, as pessoas que receberam preenchimentos dérmicos podem desenvolver inchaço no local ou próximo ao local da injeção do preenchimento (geralmente face ou lábios) após a administração de uma dose de uma vacina COVID-19 de mRNA. Isso parece ser temporário e pode ser resolvido com tratamento médico, incluindo corticoterapia. As vacinas de mRNA e vetor de adenovírus podem ser administradas a pessoas que receberam preenchimentos dérmicos injetáveis sem contraindicações à vacinação. Nenhuma precaução adicional é necessária. No entanto, essas pessoas devem ser orientadas a entrar em contacto com o médico para avaliação se desenvolverem inchaço no local ou próximo ao local do preenchimento dérmico após a vacinação.
9.Se estiver a receber a vacina mRNA, deve esperar no local, e por ter, por exemplo, dor, inchaço, erupção cutânea no local da injeção, algum inchaço dos gânglios linfáticos no mesmo lado do braço vacinado e também febre, fadiga, dor de cabeça, calafrios, dor muscular, dor nas articulações ou inflamação, que são sintomas pós-vacinação. Mas estes são efeitos colaterais esperados, e não são reações alérgicas. Os sintomas geralmente desaparecem em poucos dias.