Dia 8 de novembro, pelas 19h00, o Goethe-Institut, em Lisboa, decorre o segundo encontro do painel “Para Quê a Religião?”. A iniciativa traz, desta vez para discussão o tema “Religião em tempos de crise internacional”. Neste encontro participa o padre católico, professor universitário e ensaísta português Anselmo Borges, o estudioso islâmico natural do Afeganistão e radicado na Alemanha, Ahmad Milad Karimi, e o rabino da comunidade judaica de Lisboa, Natan Peres.
A religião é frequentemente considerada uma das principais razões para os conflitos globais. Por outro lado, as religiões definem em grande medida um conjunto de valores em sociedades já secularizadas, oferecendo um ponto de partida central para a compreensão internacional.
O Goethe-Institut indicou que “no início dos anos 90, o reconhecido teólogo Hans Küng deu início ao projeto que viria a converter-se na atual Fundação Weltethos (Ética Mundial), numa tentativa de criar um diálogo inter-religioso, descrevendo o que as várias religiões mundiais têm em comum. Em 1993, estas ideias deram origem à Declaração para uma Ética Mundial, que foi assinada no Parlamento das Religiões Mundiais por líderes religiosos e espirituais de todo o mundo.”
Hans Küng defendia que “uma época diferente de qualquer outra anterior através da política mundial, da tecnologia mundial, da economia mundial e da civilização mundial, requer uma ética mundial”. O estabelecimento dessa ética mundial baseia-se em valores fundamentais comuns a quase todas as religiões que requerem ser trabalhados para garantir o futuro da humanidade, esclareceu Goethe-Institut.
Assim, neste entendimento, e quando assistimos a “um agravamento da crise económica, ecológica e política, um pouco por todo o mundo”, então o que pode significar hoje, 25 anos depois, “o diálogo entre as religiões, e o que o torna tão desafiador?” Importa então tentar analisar “em que ponto estamos no entendimento internacional em relação a normas éticas como a solidariedade, a não-violência, o respeito mútuo, o fomento da comunhão do homem, da natureza e do cosmos, enunciados na Declaração para uma Ética Mundial?”
Os três especialistas vão, neste encontro, debater e esclarecer algumas das questões mais prementes. Um debate que tem a moderação a cargo de Steffen Dix do CITER – Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião, da Universidade Católica de Lisboa.
O encontro, de entrada livre, tem o patrocínio da Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa e do Lisbon Marriott Hotel, e conta com tradução simultânea em português e alemão.
Biografias dos intervenientes no debate
■ Anselmo Borges é Padre da Sociedade Missionária Portuguesa. É Doutorado em Filosofia pela Universidade de Coimbra de cuja Faculdade de Letras é Professor. Licenciado em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, tem o D.E.A. (Diplôme d’Études Approfondies) em Ciências Sociais pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris. É também Professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e na da Universidade de Coimbra. Tem várias obras publicadas, todas com várias edições. É colunista do “Diário de Notícias”.
■ Ahmad Milad Karimi nasceu em Cabul em 1979 e fugiu para a Alemanha com a família. Estudou filosofia, matemática e estudos islâmicos em Darmstadt, Freiburgo e Nova Delhi. Desde 2016, é professor de Kalām, filosofia islâmica e misticismo na Universidade de Münster. Karimi é autor de vários livros. Entre as suas obras, destacam-se títulos como Por que razão não há Deus e no entanto Ele existe, bem como a sua autobiografia, Osama bin Laden dorme com os peixes. Por que gosto de ser muçulmano e por que Marlon Brando tem muito a ver com isso.
■ Natan Peres nasceu no Brasil em 1974, mas foi em Nova Iorque e, mais tarde, em Jerusalém, que se formou até se tornar rabino. Depois de algum tempo em Manchester, Londres e em Amesterdão, na sinagoga sefardita onde ainda se fala português, aceitou o desafio de ser rabino da Comunidade Judaica de Lisboa.